O chamado "colegiado de clubes", que lidera um boicote contra a gestão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) na seleção feminina, engrossou ainda mais o tom das críticas nesta terça-feira. Em novo comunicado, o grupo, composto também pelas principais atletas do País, acusa a CBB de pressionar as jogadoras e ameaçá-las de punição caso seja mantido o boicote ao evento-teste do basquete, em janeiro.
Na sexta-feira, o técnico Luiz Zanon antecipou a convocação do time como forma de expor as jogadoras chamadas e que devem, com o apoio dos clubes, se negarem a jogar o evento-teste se a CBB não atender às exigências. Agora, o 'colegiado' diz que dirigentes da CBB e o próprio Zanon têm procurado as atletas para pressioná-las.
"Com a justificativa de conversar com as atletas sobre convocação, eles (Zanon e o diretor de seleções Vanderlei Mazuchini) passam informações errôneas de punições caso as jogadoras não se apresentem ao evento-teste. De forma clara e desesperada, procuram desestabilizar este grupo através de informações que não procedem. A insistência é tanta que procuram pelas convocadas mais de uma vez ao dia, para pressioná-las. O mais interessante é que a maioria das atletas, técnicos e dirigentes nunca recebeu tantas ligações da CBB como nas últimas semanas", relata o colegiado.
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No entendimento dos clubes, o evento-teste não é um campeonato oficial da Federação Internacional de Basquete (Fiba) e, por isso, assim como acontece no futebol em jogos que não em 'datas Fifa', eles não são obrigados a liberar suas atletas. "Logo, não há
qualquer punição para as atletas e clubes, bastando apenas que elas (jogadoras) solicitem
dispensa", opina o colegiado. A CBB também indica pensar assim, tanto que não convocou a pivô Érika, principal jogadora da seleção, que atua na Turquia.
O colegiado quer que os técnicos dos seis únicos times da LBF participem da preparação da seleção para a Olimpíada e que os dirigentes desses clubes tenham acesso às planilhas de gastos com a seleção. No comunicado emitido nesta terça-feira eles dão como prazo a última rodada do ano da LBF (22 de dezembro) para que "a CBB se manifeste de forma positiva para que todo basquete feminino possa fazer uma participação honrosa na Olimpíada". A ameaça é clara: "Caso isso não ocorra os clubes não permitirão, através de uma dispensa coletiva, que atletas sejam humilhadas dentro e fora das quadras por profissionais que não representam o basquete feminino".
Os clubes da LBF dizem no comunicado que a CBB "não se propõe a nada em termos de
diálogo" e demonstra "falta de respeito por clubes e atletas que fazem o basquete feminino". Para o colegiado "não existe clima para qualquer tipo de preparação com as atletas nesta situação".
Na sexta-feira, o grupo reportou à Fiba "todo o histórico de como está sendo tratada atualmente a seleção brasileira feminina de basquete". "Também apresentamos nossa proposta, que tem como objetivo tornar representativo o departamento técnico da CBB naipe feminino, através da inclusão dos seis técnicos que atualmente dirigem as equipes que disputam a LBF, fortalecendo a estrutura técnica de preparação das atletas para a Olimpíadas de 2016", explica o colegiado.
O comunicado ainda revela que os clubes enviaram à CBB e à Fiba uma notificação extrajudicial cobrando que Mazuchini se retrate por acusar os técnicos dos clubes da LBF de serem "sem caráter", lembrando, que entre outros, Vendramini e Laís Elena, "com mais de 40 anos de experiência na modalidade, merecem mais do que o respeito, merecem que a CBB agradeça todos os dias por tudo que fizeram, fazem e farão pela modalidade".