O presidente da European Athletics, Svein-Arne Hansen, cobrou publicamente nesta quarta-feira (22) a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) ao pedir a saída imediata de Frank Fredericks do seu conselho. O ex-campeão namíbio de atletismo é suspeito de receber propina para votar no Rio de Janeiro para se tornar a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Por causa da suspeita, Fredericks renunciou aos seus cargos dentro do Comitê Olímpico Internacional (COI) horas antes de ser punido pelo Comitê de Ética da entidade, no início do mês. Na véspera, ele anunciara sua saída do conselho da IAAF. Porém, nesta semana o presidente da entidade, Sebastian Coe, disse que Fredericks permaneceria no conselho até que o comitê de Ética da IAAF avaliasse o caso.
A permanência dele na entidade causou revolta na European Athletics, que é uma espécie de confederação europeia de atletismo. "Na minha opinião, qualquer indivíduo que se encontra numa posição de suspeita agora ou no futuro deve deixar todos os seus cargos esportivos até que a questão seja resolvida", afirmou Svein-Arne Hansen presidente da entidade europeia.
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Hansen não citou o nome de Fredericks, mas indicou fortemente que se tratava do suspeito de envolvimento no escândalo de compra de votos. "Eu espero que a IAAF siga estritamente os seus regulamentos e chegue à decisão quanto a este assunto o mais rápido possível, independente do seu resultado. A credibilidade e a confiança precisam ser resgatadas", alertou.
Para o presidente da European Athletics, Fredericks sofreu "perturbadoras acusações contra sua integridade", nas denúncias relatadas pelo jornal francês Le Monde, no início do mês. Na avaliação de Hansen, se as denúncias forem confirmadas, o caso significará uma "extremamente decepcionante traição no atletismo".
Segundo as denúncias, Fredericks teria embolsado quase US$ 300 mil (cerca de R$ 922 mil) da candidatura do Rio de Janeiro para votar a favor da cidade brasileira em 2009. De acordo com o Ministério Público francês, a família do dirigente esportivo Lamine Diack, suspeita de ter recebido US$ 1,5 milhão de empresários próximos aos organizadores do Rio-2016, transferiu US$ 299,3 mil pela empresa Pamodzi para a empresa offshore Yemli Limited.
O depósito ocorreu em 2 de outubro de 2009, dia da vitória do Rio na decisão da escolha da sede dos Jogos. Mas a empresa beneficiada tinha uma relação direta com Fredericks, que foi justamente um dos monitores do COI no momento do voto nas eleições de 2009 e vencidas pelo Rio.