O Comitê Olímpico Internacional (COI) pretende "lidar de modo razoável" com possíveis protestos ou manifestações políticas que ocorram dentro das arenas olímpicas no Rio ou em outras cidades que receberão jogos de futebol. Apesar de a regra dos Jogos dizer que "portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas", os organizadores pretendem agir com "bom senso" cada vez que um cartaz surgir em um dos estádios com conteúdo político.
Nos bastidores, organizadores afirmam que estão orientando os seguranças e funcionários nos locais de provas a agir "com cautela" e avaliar até que ponto um cartaz cria problemas. Se nas ruas há a possibilidade de que ativistas e ONGs estejam organizando protestos para dias que antecedem à abertura dos Jogos, os dirigentes do COI consideram que é dentro dos ginásios e estádios que um impacto midiático e para a imagem do evento seria maior, em caso de protesto.
O COI não quer virar alvo de manifestantes, como ocorreu na Copa do Mundo de 2014 com a Fifa. Para isso, a estratégia adotada nos últimos meses foi a de não criticar o Brasil de forma pública, tratar de todos os problemas de forma confidencial e não dar informações detalhadas sobre custos e nem exigências.
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Outra estratégia foi a de se mostrar aberto a receber ONGs que representem grupos de pessoas que tenham se queixado de ter sofrido com o evento. Há duas semanas, moradores da Vila Autódromo, desalojada para a construção da Vila Olímpica, foram recebidos em Lausanne, na Suíça, por dirigentes da entidade.
Seja qual for a solução para casos pontuais, a ordem que os operadores de câmeras de TV oficiais do evento têm é a de evitar qualquer imagem de protestos ou cartazes dentro dos locais de provas. Caso algo dessa natureza apareça, a ordem é clara: "focar nos atletas".
Os dirigentes esperam que atletas brasileiros, desde os primeiros dias, comecem a colecionar medalhas. Um dos dirigentes admitiu que quando os britânicos começaram a empolgar os torcedores, o clima mudou. O COI avalia que a desconfiança popular com os Jogos tem o potencial de se transformar em protestos. Em um momento político delicado no Brasil, membros do alto escalão da entidade olímpica revelam ao jornal O Estado de S.Paulo que o evento tem sido considerado de "alto risco" para a imagem da entidade.
Os dirigentes reconhecem que o clima não é bom. Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o vice-presidente do COI, o britânico Craig Reedie, declarou estar "com pena do Rio de Janeiro". "Quando os Jogos foram dados a eles em 2009, tudo parecia ir a favor: politicamente e em termos econômicos, um presidente muito popular e até encontraram petróleo", comentou.
Nesta quarta-feira, ao chegar ao Rio, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, seguiu o script, elogiando a cidade e mostrando-se positivo. Nos bastidores, como o jornal O Estado de S.Paulo revelou há dois dias, os problemas tinham deixado a entidade preocupada.