Mesmo com a garoa leve eu abro a janela do carro.
Somos rurais, o campo nos encanta.
Fomos criados nesta terra onde a chuva é farta e a terra é forte, entre lavouras e criações.
Tudo tem sua época: cada plantio, cada colheita, a engorda e o abate, tudo isto faz parte de nós.
O carro agora anda bem lentamente enquanto meu espírito se acalma diante da fartura dos milharais sem fim
O milho que nos sacia é o mesmo que seva os animais que se cria e assim do milho o porco se faz gordo.
Saio correndo da escola, a garoa desce lentamente aumentando a sensação de frio. Vou meio correndo meio andando apressado, nos sapatos o barro vai pintando a sola de marrom avermelhado.
Meio dia, abro o portão "esbaforido", limpo rapidamente os sapatos no piso de cimento molhado; ali no chão misturados a essência da fartura.
Água e terra formando um barro viscoso.
Abro a porta e quem me recebe é o cheiro delicioso da gordura de porco que frige lentamente na panela, misturado com o "bouquet" adocicado do milho verde.
A manhã foi longa, as atividades intensas, a idade é a da maior fome, o estômago agora já cola nas costas
A voz da minha mãe soa suave. Vá se lavar que já vou servir.
A mistura é perfeita e a cozinheira, Divina.
Porco com milho.
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