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Polivalente

16 ago 2018 às 11:07


A mochila pesava no ombro.
Abria o portão ofegante e adentrava pela lateral tomando cuidado com o piso de lajota umedecido, passava pela garagem e chegava ao muro lateral.
Ali era o que chamávamos de corredorzinho: um espaço de uns cinco metros de comprimento que tinha de um lado o muro chapiscado coberto pelas folhas da hera e do outro a cozinha com sua enorme janela de ferro. Apoiava a mochila contra a parede folgando as alças e deixava escorregar até o chão. Mais leve e nas pontas dos pés, esticava o pescoço pra dar uma espiada sobre a mesa de fórmica e o fogão. O olhar atento passeava de um ponto a outro pondo reparo nos mais diversos detalhes. Já mais concentrado puxava o ar pelas narinas e sorria com o canto da boca.
Na mesa forrada com a toalha de plástico estavam resíduos da massa enfarinhada que fora sovada por mãos habilidosas, o rolo de madeira por hora esbranquiçado repousava do esforço de ir e vir abrindo e esticando até que ficasse fina e elástica. Na pia a bacia de alumínio estava cheia de cascas de cenouras, cebolas, alho e talos de ervas.
Sobre o fogão apenas a panela de pressão já vazia e nada mais. Nem arroz, nem feijão, nem frigideira para bifes ou legumes cozidos.
A porta do forno não transparecia nada, ferro esmaltado de branco tinha um puxador preto onde ficava o pano de prato com as beiradas bordadas.
Eu já sabia o que era só faltava saber do que?
Inspirava...
Inalava o bouquet que vinha do forno com todas as suas nuances.
Prato único, com recheio cremoso e casca crocante e dourada a polivalente "Torta de frango".

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