A doença que atinge mais mulheres do que homens, pode ser categorizada entre leve, moderado e grave, sendo que episódios graves impossibilitam a pessoa de dar continuidade a atividades sociais, de trabalho ou de qualquer outro tipo. Embora a depressão possua tratamentos cada vez mais modernos e eficazes, estima-se que menos da metade das pessoas diagnosticadas no planeta recebam o devido tratamento. Além do manejo farmacológico da depressão, tratamentos adjuvantes e cuidados com a alimentação têm sido explorados com o intuito de melhorar a qualidade de vida e reduzir as crises dos pacientes.
O ácido docosaexaenoico (DHA), por exemplo, é um ácido graxo que atua como componente estrutural dos neurônios, além de ser essencial para os receptores de neurotransmissores. Pesquisas realizadas em ratos apontaram que uma dieta deficiente em DHA contribuiu para a atrofia da estrutura responsável pelo pensamento lógico, do hipocampo (local aonde está presente o centro da memória) e do hipotálamo (centro de controle hormonal). Em humanos, a literatura científica aponta que reduzidas concentrações de ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS) estão associados ao desenvolvimento de depressão. Em estudo de Thessing et al. (2018), os autores avaliaram a relação entre a presença de PUFAS e a ocorrência de características clínicas depressivas e do transtorno de ansiedade. Entre os pacientes avaliados, aqueles com baixa concentração de ômega-3 estiveram relacionados a depressão grave.
Pesquisas apontam também que a suplementação de DHA e ácido eicosapentaenoico (EPA) em etapas importantes do desenvolvimento, como gestação e lactação, podem contribuir para a maturação neural, reduzindo os déficits cognitivos e psicológicos desenvolvidos na idade adulta. Em metanálise de Mocking et al. (2016) avaliaram os efeitos da suplementação com ômega-3 em pacientes depressivos. Os pacientes que receberam a suplementação com óleo de peixe apresentaram melhora no quadro depressivo, sobretudo, quando os estudos mostraram que os pacientes receberam altas doses de EPA e também em estudos cujos pacientes foram tratados com antidepressivos.
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Portanto, ao que tudo indica a deficiência de ômega-3 parece estar relacionada ao desenvolvimento de desordens psicopatológicas, como a depressão. Além disso, a suplementação estratégica com dosagens e em períodos específicos, parece contribuir para melhorar o quadro característico da depressão, informa Renato Leça, Coordenador das Disciplinas de Medicina Integrativa e de Nutrologia com Prática Ortomolecular da Faculdade de Medicina do ABC.