O alcoolismo é uma doença social. Assim o psicólogo Dionísio Banaszewski, que se dedica ao estudo e ao combate da drogadição há mais de 20 anos, explica a doença, lembrando que, direta e indiretamente, a bebida alcoólica causa mais mortes do que todas as outas drogas juntas. "Além de provocar danos ao organismo, o álcool é uma doença que traz males a toda a sociedade: provoca desagregação, brigas, mortes... especialmente no trânsito", comenta.
Não há evidências sobre eventual transmissão genética da doença do alcoolismo, mas estudos científicos tratam o problema como "hereditário" – o que quer dizer que há mais chances de famílias com membros alcoólatras terem mais integrantes que também se tornem dependentes do álcool. Por isso, o ideal, segundo o especialista, é trabalhar em ideais de prevenção. O papel da família, nesse sentido, é essencial. Ambientes em que as bebidas alcoólicas são consumidas de forma indiscriminada podem ser incentivadores para os jovens – que são os mais suscetíveis ao problema. Por isso, os pais não devem permitir que menores de 18 anos consumam bebidas alcoólicas, e, mesmo entre os maiores de idade, o consumo não deve ser incentivado.
Uma vez instalada a doença do alcoolismo, deve-se considerar que a família toda está doente, e não apenas o alcoólatra. "A maior dificuldade é reconhecer o problema. Tanto o dependente quanto os familiares e amigos têm dificuldade em perceber que aquele que está bebendo muito e com frequência pode ser um dependente", salienta Dionísio Banaszewski. As famílias e os amigos devem estar atentos aos sintomas: se a pessoa começar a beber todos os dias e em grande quantidade, e especialmente se demonstrar maior tolerância ao álcool, é preciso ficar alerta.
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Quando o problema é reconhecido, o ideal é que toda a família participe dos programas de recuperação do dependente. As clínicas são recursos com bons resultados, principalmente no início do tratamento, mas não devem ser vistas como um tratamento completo, e sim como parte dele, segundo o psicólogo. Os grupos de ajuda mútua e a psicoterapia são formas importantes de acompanhamento e ajuda ao dependente, já que uma das características mais marcantes da doença é a recaída.
E aquele sujeito que, apenas nos finais de semana, bebe demais e passa dos limites, é um alcoólatra em potencial? Segundo o psicólogo Dionísio Banaszewski, não de deve rotular alguém por tomar "um pilequinho" de vez em quando. Mas é justamente essa aceitação social que faz com que o álcool represente tanto risco social. "É como se a sociedade incentivasse a pessoa a beber. Temos que ficar atentos porque os meios sociais pressionam as pessoas para o consumo. Os jovens são os principais alvos desse apelo pelo consumo de álcool", ressalta. O especialista lembra que entre os exemplos desse apelo social estão os bares nos arredores dos colégios e faculdades, que induzem ao consumo.
Dionísio alerta ainda que o alcoolismo não tem cura definitiva e o risco de recaída é sempre eminente. É por isso que programas de ajuda mútua, como o Alcoólicos Anônimos, trabalham na ideia da abstinência. "A manutenção da abstinência, quando conseguida, pode ser considerada uma cura ‘na prática’", explica o psicólogo (com AW COMUNICAÇÃO).