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Ao atingir 400 mil mortes, Brasil tem apenas 90 cidades sem óbitos por Covid

Raquel Lopes - Folhapress
03 mai 2021 às 08:10
- Pixabay
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Ao atingir mais de 400 mil mortes em decorrência da Covid-19, o Brasil tem apenas 90 cidades sem óbitos causados pela doença. Estão livres da marca municípios com até 11 mil habitantes, no interior de 12 estados.

Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Tocantins têm os maiores percentuais de cidades sem mortes. Em todo o país, somente 1,6% dos municípios não registrou um óbito.

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Desde dezembro, no entanto, o coronavírus chegou a todas as 5.570 cidades brasileiras. Cedro do Abaeté, em Minas, foi a última a computar ao menos um caso da doença, notificada pela primeira vez no país em fevereiro de 2020.

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Especialistas explicam que municípios pequenos têm menor circulação da população. Essa dinâmica social contribui para evitar a propagação do coronavírus.

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No entanto, eles dizem que é provável que venham a ocorrer óbitos em todos os municípios, em algum momento, em razão do grave quadro epidemiológico atual e do elevado número de casos no país.


"[Essas cidades] São pequenas, muito isoladas e não tiveram um volume muito significativo de casos e, consequentemente, não tiveram óbitos", diz Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

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Xavier, porém, pondera que a pandemia pode ter impactado o dia a dia nessas localidades. Dependente de assistência em saúde de municípios vizinhos, a população pode não ter conseguido atendimento e leito para outras doenças.


Por enquanto, a análise dos dados exige cautela, diz Ethel Maciel, pós-doutora em epidemiologia e professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). Segundo ela, óbitos podem ter sido registrados em outra cidade e há risco até de subnotificação nesses locais.

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"Vamos saber melhor quando fizermos uma análise sobre o excesso de mortes. Nós analisamos quantas pessoas morreram nos últimos anos e quantos morreram no período da pandemia. Se estiver muito acima da série histórica do período, deve ser considerada morte relacionada à pandemia", afirma Maciel.


Nas cidades ainda sem registros, gestores municipais temem a as mortes, principalmente por causa da falta de infraestrutura. Em geral, essas são cidades que dependem da rede de alta complexidade de municípios maiores.

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Para evitar esse cenário, Lilian Pereira de Carvalho Xavier, secretária de Saúde de Bonito de Minas, no estado mineiro, diz que a cidade investiu em medidas sanitárias para tentar evitar a disseminação do coronavírus.


Agentes foram contratados para visitar as casas e orientar a população. Eles também fiscalizam o comércio. Foi criado ainda um disque-denúncia para flagrar aglomerações e firmada uma parceria com a Polícia Militar.

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Na avaliação da gestora, o fato de 80% da população morar na zona rural também contribuiu para a contenção do vírus.


"Não fizemos nenhuma mágica, só estamos seguindo as orientações sanitárias e monitorando para evitar que as pessoas se infectem e que os casos se agravem. Temos receio de que isso aconteça porque teríamos de recorrer a outros municípios por não ter hospital na cidade", diz Lilian.

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Davi Cássio Fernandes (PL), prefeito de Riacho de Santana, no Rio Grande do Norte, destaca que o município segue regras sanitárias definidas pelo estado. Assim como Lilian, as limitações de equipamentos de saúde preocupam.


"Nossa cidade não está imune e já tivemos casos de hospitalização, mas nada grave. Tomamos os cuidados necessários, o que nos ajuda é a baixa circulação de pessoas de fora da cidade, só temos uma via de acesso para a rodovia", afirma.


Enquanto há cidades sem registros de morte por Covid, em 3.148 (56,5%) houve mais óbitos em 2021 do que em 2020.


Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul são os estados com os maiores percentuais de municípios com essa realidade.


O alto número de óbitos atinge cidades de pequeno a grande portes. São 11 capitais nessa situação: Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho, Florianópolis, Boa Vista e Palmas.


Médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), Fernando Bellissimo Rodrigues diz ser esperado o crescimento do número de mortes em 2021 como resultado do aumento do volume de casos no período. Em março e abril, a doença alcançou marcas alarmantes no país.


Rodrigues afirma que há indícios de que a Covid esteja entrando em declínio, mas evita fazer projeções em virtude de três fatores: comportamento da população; velocidade da vacinação; e efetividade dos imunizantes contra a cepa brasileira do coronavírus.


"A princípio esse aumento de casos é atribuído à cepa P.1, mas ainda não há nada conclusivo. Estudos in vitro sugerem que as vacinas têm efetividade menor em relação às novas variantes, mas não nula", diz.


Por isso, de acordo com ele, todas as cidades deverão manter ações em saúde para segurar a circulação do coronavírus, inclusive aquelas que ainda não tenham registrado mortes, a fim de conter o avanço da doença.

"Mesmo com toda a população vacinada, não vamos poder abdicar das medidas sanitárias", afirma Rodrigues.


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