O comportamento de risco para aids aumentou entre os brasileiros. Estudo conduzido pelo Ministério da Saúde revela que em cinco anos dobrou o número de pessoas com mais de 10 parceiros sexuais durante a vida, mas permanece estável - e em patamares considerados baixos - o uso preservativos com parceiros casuais.
No ano passado, 45% disseram não usar camisinha nesses casos. "Isso demonstra a necessidade da adoção de outras estratégias. O uso de preservativos continua essencial, mas deve ser associado a outras ações", afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
A principal estratégia avaliada é a ampliação do acesso ao uso de antirretrovirais logo depois da relação de risco, a terapia pós exposição. Considerada uma espécie de "pílula do dia seguinte", a terapia é atualmente oferecida em centros de referência. A ideia é ofertar o esquema também atendimento de urgência.
Leia mais:
Denúncias contra médicos por receita de hormônios cresceram 120% em um ano, diz CFM
Saiba quais doenças dão direito à isenção do Imposto de Renda
Centro de Doenças Infecciosas amplia atendimento para testes rápidos de HIV em Londrina
Saúde investiga circulação do vírus causador da Febre do Nilo no norte do Paraná
"Com isso, as pessoas não precisariam mais ter de aguardar até segunda-feira para ter acesso ao tratamento", afirmou o diretor do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita. "O esquema tem de ser iniciado até 72 horas depois da exposição. Ter de esperar um fim de semana, em alguns casos, pode significar perder a chance de iniciar o tratamento", completou. Ano passado 19.469 terapias pós-exposição foram realizadas no País.
A pesquisa apresentada nesta quarta-feira, 28, pelo Ministério da Saúde está em sua terceira edição. As entrevistas, realizadas no ano passado, foram feitas com 12 mil pessoas com idade entre 15 e 64 anos.
Assim como em anos anteriores, a maioria das pessoas disse ter conhecimento de que o preservativo é melhor forma de combater a infecção pelo HIV. O porcentual, no entanto, apresentou uma queda, em relação a versões anteriores. Em 2004, 96,9% diziam concordar com essa afirmação. Ano passado, o porcentual foi de 94%.
Mas a prática é outra. Dos entrevistados ,apenas 55% disseram usar camisinha em todas relações sexuais com parceiros casuais. Quando a pergunta é feita sobre a última relação, o porcentual é maior, mas, mesmo assim, considerado insatisfatório: 67%.
"Esse não é um problema exclusivo da aids", disse o ministro. Ele citou como exemplo a dengue. A população tem um alto nível de conhecimento sobre a forma de prevenir a doença, mas, apesar disso, determinados comportamentos não são mudados.
A ênfase no uso de preservativo e a mensagem da necessidade de se fazer o teste, no entanto, permanece. Apresentada pelo ministro, a Campanha de Aids do Carnaval deste ano procura passar a mensagem de camisinha, realização de teste e o início precoce do uso do medicamento.
Foi feito um filme para campanha, que será exibido tanto para público em geral quanto em ambientes voltados para grupos considerados de maior vulnerabilidade para doença. A referência a esses grupos, no entanto, é muito discreta. Nos trinta segundos de duração, apenas três são usados para exibir imagens de jovens gays e travestis.
A sutileza também é a marca dos cartazes. Foram feitas quatro versões. A destinada para jovens gays tem como diferencial um arco-íris. Encontrá-lo no cartaz, no entanto, não é tarefa fácil. Ele está representado na camisa do jovem, na parte lateral inferior do cartaz.