O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz (Bio-Manguinhos) produzirá um teste para detectar sífilis em 15 minutos, com uma eficácia de mais de 90%. O objetivo principal é diminuir os casos de sífilis congênita, um problema que ainda atinge cerca de 12 mil crianças todos os anos, segundo estimativa do Ministério da Saúde.
Estudos realizados em 2004 apontam que, das gestantes no País, cerca de 1,6% possuía sífilis. Estima-se que dessas mulheres 0,4% seja portadora do HIV. Cerca de 40% das crianças infectadas com sífilis morrem ainda no útero ou de forma prematura. Nas demais, a sífilis congênita pode se manifestar com alterações que vão de anemias a deformidades ósseas e dificuldades cognitivas.
Antonio Gomes Pinto, gerente do Programa de Reativos para Diagnóstico de Bio-Manguinhos, explica que os testes disponíveis no mercado - como VDRL, RPR, FTA-ABS ou o Elisa - dependem, em boa medida, da qualidade dos técnicos e dos laboratórios responsáveis pelo exame. "Os resultados podem variar se não forem obedecidos os mínimos detalhes da técnica de execução", aponta o pesquisador. "Muitas vezes, os resultados não são confiáveis."
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O novo exame de Bio-Manguinhos será oferecido na forma de um kit prático que não requererá treinamento complexo para ser usado (mais informações nesta página). "Com certeza, nosso teste terá um grande impacto na luta contra a sífilis no País", afirma o pesquisador, que prevê a utilização rotineira do exame no pré-natal de gestantes atendidas pela rede pública.
Etapas. O Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, deve assinar hoje o contrato de transferência de tecnologia entre a empresa americana Chembio Diagnostic, criadora da plataforma DPP, usada no teste, e o laboratório público Bio-Manguinhos.
Já no primeiro semestre do próximo ano, o objetivo é incorporar à rede de saúde um teste com a plataforma DPP que identifique os anticorpos produzidos pelo organismo quando encontra os antígenos da bactéria causadora da sífilis. O método ainda possui o inconveniente de apresentar falsos positivos quando alguém eliminou o microrganismo, mas ainda carrega anticorpos contra a doença.
Mas, no segundo semestre, a ideia é incorporar ao exame um teste para detectar anticorpos contra antígenos produzidos pelo dano celular causado pela bactéria. Tais anticorpos estão presentes apenas quando a infecção está, de fato, ativa.
O exame contará com uma janela imunológica - período em que o teste dá negativo, pois o corpo ainda não produziu anticorpos - relativamente curta: cerca de uma semana.
A plataforma DPP já é usada por Bio-Manguinhos para produzir exames para HIV, leptospirose e leishmaniose.
O teste para o HIV, por exemplo, apresenta sensibilidade de 10 a 50 vezes superior aos demais métodos de diagnóstico rápido disponíveis no mercado.