O Instituto Butantã está desenvolvendo uma vacina contra a coqueluche para bebês menores de seis meses, período em que a doença é mais letal. Segundo a pesquisadora responsável pelo projeto, Luciana Cerqueira Leite, mais de 90% dos casos de morte por coqueluche ocorrem nessa faixa etária. Atualmente, a imunização só ocorre após o primeiro semestre de vida.
"A coqueluche é uma doença respiratória, que provoca tosse, coriza, hipersecreção respiratória e febre, entre outros sintomas. Pode causar pneumonia e insuficiência respiratória grave. Como o organismo dos bebês ainda é mais frágil, quadros como esses podem levar à morte", explicou.
"Pelos métodos atuais, a criança é imunizada contra a coqueluche por uma vacina chamada DTP, que protege também contra a difteria e tétano. Aos dois meses é aplicada a primeira dose, com reforços aos quatro e seis meses, deixando o bebê protegido somente após a terceira aplicação. Isso faz com que as crianças fiquem expostas exatamente quando são mais vulneráveis", ressaltou Leite.
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No Brasil, a doença está controlada, porém, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, este ano foi registrado um surto de coqueluche e até julho já haviam sido contabilizados mais casos do que em todo o ano de 2010.
O projeto teve início há mais de dez anos e a previsão é de que, caso os resultados sejam positivos, a nova vacina esteja no mercado dentro de dez anos. A pesquisadora declarou que a nova técnica está sendo testada com sucesso em camundongos e que a próxima etapa será de testes em humanos, com início previsto para 2013.
Para desenvolver a nova técnica de imunização, os pesquisadores se espelharam na vacina BCG, utilizada para proteger o corpo contra a tuberculose. "A diferença é que a vacina atual coloca o sistema imunológico em contato com a Bordetella [bactéria responsável pela doença] morta, fazendo com que ele produza anticorpos para combatê-la. Já no novo método, a imunização é celular. Colocamos no organismo uma bactéria transgênica, e as próprias células aprendem a eliminá-la", comentou a pesquisadora. A nova vacina já poderia ser aplicada com poucos dias de vida e teria efeito quase imediato, protegendo a criança até de um eventual contágio materno.