Reportagem publicada pela Revista Veja desta semana (Edição 2094) revela que a maioria da população de Jardim Olinda, cidade com 1,6 mil habitantes no norte do Paraná, é composta por mulheres: entre 2002 e 2008, 61% das crianças que nasceram eram do sexo feminino. A média de meninas nascidas no Brasil e no mundo é de 49%.
Em 2005, só 32% dos nascimentos em Jardim Olinda foram de homens. O motivo da desproporção entre crianças do sexo feminino e masculino, segundo aponta a reportagem, é a contaminação da população por agrotóxicos, que desequilibraram o sistema endócrino e favoreceram o nascimento de mais meninas.
A conclusão é de um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública realizado em Jardim Olinda e em outras sete cidades do norte do Estado. Conforme a pesquisa, o organismo confunde algumas substâncias presentes em agrotóxicos com hormônios e favorece a fecundação por espermatozóides com carga genética feminina.
Rios e o lençol freático da região de Jardim Olinda foram contaminados na década de 1980 com agrotóxicos à base de cloro, como o DDT e BHC, hoje proibidos. São eles os responsáveis pela alteração hormonal.
Segundo a reportagem da Revista Veja, a desproporção entre homens e mulheres é comum em outras cidades do Brasil, e cita ainda um estudo da ONG inglesa Chem Trust, o qual demonstra que houve aumento anormal da população feminina em regiões da Itália, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Japão.