Um grupo formado por pesquisadores do Japão e dos Estados Unidos descobriu um mecanismo que atua na prevenção de problemas no fígado, como inflamações, fibrose ou câncer. O estudo será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
O mecanismo se baseia em uma determinada proteína, denominada TAK1, que seria um "regulador mestre" da função hepática. "Compreender melhor o papel da TAK1 nas doenças do fígado e no câncer poderá nos ajudar a desenvolver novas estratégicas terapêuticas", disse David Brenner, diretor da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, um dos autores do trabalho.
A TAK1 é uma cínase (ou quinase), um tipo de enzima de sinalização envolvida em diversas atividades celulares, entre as quais o próprio crescimento das células.
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A TAK1 ativa duas proteínas específicas, NF-kappaB e JNK. A primeira ajuda a proteger células do fígado do desenvolvimento do câncer e da morte celular. Por outro lado, a JNK promove os dois processos.
Até então, não se sabia se a TAK1 promovia ou ajudaria a evitar o desenvolvimento do câncer de fígado. Brenner e colegas desenvolveram um modelo em camundongos no qual as células do fígado não tinham o gene Tak1, responsável pela produção da proteína TAK1.
Nos experimentos seguintes, eles observaram uma alta taxa de morte de células do fígado em animais jovens que não tinham a proteína. Os fígados dos camundongos modificados entraram em pane, produzindo células demais e causando danos: inflamação, fibrose e, eventualmente, câncer.
"Nosso estudo é o primeiro a demonstrar o papel da TAK1 no desenvolvimento do câncer e indica fortemente que essa proteína também contribui para a manifestação de tumores em outros órgãos", disse o japonês Ekihiro Seki, atualmente na Universidade da Califórnia na equipe de Brenner.
Outra conquista da pesquisa é o próprio modelo animal desenvolvido, que sustentou inflamação e fibrose, pontos importantes no desenvolvimento de câncer de fígado em humanos. O modelo, apontam, será útil para investigar se a fibrose influencia o câncer no fígado.
"Também podemos usar o modelo para testar se uma droga ou uma terapia potencial contra o câncer atua na fibrose, no câncer ou nos dois. O estudo abre um novo potencial terapêutico que tem como alvo o estudo da expressão da TAK1", disse Seki.