Cientistas japoneses desenvolveram uma técnica para rejuvenescer óvulos de mulheres mais velhas usando materiais de óvulos de mulheres mais jovens, produzindo bebês com duas mães e um pai biológicos.
A equipe do pesquisador Atsushi Tanaka conseguiu criar óvulos viáveis injetando o núcleo de um óvulo saudável em um óvulo cujo núcleo havia sido retirado.
Segundo os resultados da pesquisa apresentados em um encontro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva no mês passado, em Atlanta, e relatados na última edição da revista New Scientist, a técnica deve aumentar as chances de sucesso de tratamentos para fertilização in vitro em mulheres mais velhas.
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Os cientistas do St. Mother Hospital, de Kitakyushu, retiraram os núcleos de 31 óvulos de mulheres que passavam por tratamentos de fertilidade e os injetaram com os núcleos de óvulos doados por mulheres com menos de 35 anos.
Dos 25 óvulos que se mostraram viáveis e foram injetados com esperma, 7 geraram embriões em estágio inicial, chamados blastocistos. A taxa de fertilização, de 28%, foi significativamente superior aos 3% conseguidos com óvulos que não haviam passado pela técnica de troca de núcleo.
Tanaka disse que o próximo passo da pesquisa será transferir esses blastocistos para o útero. "Se conseguirmos transferir esses novos embriões, acredito que a chance de sucesso (em produzir uma gravidez) seria alta", disse o cientista.
Doenças genéticas
A técnica de troca de material do óvulo já havia sido tentada anteriormente em pesquisas que visavam evitar doenças genéticas raras.
Em 2001, uma pesquisa gerou polêmica ao tentar injetar citoplasma (conteúdo da célula à parte do núcleo) de óvulos de mulheres mais jovens em óvulos de mulheres mais velhas.
As principais objeções à técnica se referiam ao potencial para a geração de embriões com material genético de três pessoas diferentes, criados a partir de óvulos de duas mulheres, e à possibilidade de que crianças geradas com óvulos contendo mitocôndrias de mais de uma mulher pudessem desenvolver doenças relacionadas a falhas nessa organela celular.
Tanaka argumenta que sua técnica reduziria esse risco, já que o citoplasma, onde está a mitocôndria, viria de apenas uma mulher. Ele afirma ainda que 98% do DNA da célula está no núcleo, o que poderia aplacar os questionamentos morais sobre a técnica.