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Propriedade antioxidante

Cientistas descobrem como o hormônio do sono inibe o câncer de mama

Agência Fapesp
05 abr 2014 às 10:37

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- Reprodução
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Além de regular os ciclos de sono e vigília, a melatonina – hormônio produzido naturalmente nos mamíferos pela glândula pineal, do cérebro, em resposta à escuridão – pode ajudar a retardar o crescimento do câncer de mama.

Uma pesquisa realizada por cientistas da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) em colaboração com colegas do Hospital Henry Ford de Detroit, em Michigan, nos Estados Unidos, esclareceu que essa capacidade do hormônio se deve ao papel que ele pode desempenhar no controle da formação de novos vasos sanguíneos a partir da vasculatura já existente do tumor, denominada angiogênese.

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O estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto "Avaliação da angiogênese em resposta ao tratamento com melatonina no câncer de mama: estudo in vitro e in vivo", realizado com apoio da Fapesp.

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"Constatamos que a melatonina consegue inibir o crescimento tumoral e a produção de células cancerosas, além de bloquear a formação de novos vasos sanguíneos do tumor em modelos animal [in vivo] e celular [in vitro]", disse Debora Aparecida Pires de Campos Zuccari, professora da Famerp e coordenadora do projeto, à Agência Fapesp.

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De acordo com Zuccari, já se sabia que a melatonina, quando administrada em doses terapêuticas – acima dos níveis naturalmente encontrados no organismo –, apresenta propriedades antioxidantes. E estimava-se que o hormônio pode suprimir o crescimento de alguns tipos de células cancerosas, especialmente quando combinado com certas drogas utilizadas no tratamento do câncer. A melatonina não é vendida no Brasil, mas é comercializada em países como os Estados Unidos como suplemento alimentar.


A fim de testar essas hipóteses, Zuccari iniciou em 2008 uma série de estudos com o objetivo de verificar se a melatonina poderia retardar o câncer de mama – o tipo de câncer mais comum em mulheres, com uma alta taxa de mortalidade devido, principalmente, à progressão e à metástase (propagação das células cancerosas).

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Segundo a pesquisadora, o crescimento do tumor está associado à angiogênese – formação de novos vasos sanguíneos a partir da vasculatura já existente do tumor –, regulada por genes como o Fator de Transcrição Induzido por Hepóxia (HIF-1α), Fator de Crescimento Endotelial Vascular (VEGF), Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (PGFF), Fator de Crescimento Epidérmico (EGF) e angiogenina, entre outros.


Uma vez que o tumor entra em processo de crescimento exponencial e atinge alguns milímetros de diâmetro, o centro do tecido começa a sofrer de falta de oxigênio (hipóxia) e isso estimula a expressão desses genes responsáveis pela angiogênese, principalmente o VEGF, para aumentar o aporte de nutrientes no local, explicou Zuccari.

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"O VEGF liga-se a seus receptores e, dessa forma, promove a angiogênese por meio de sua capacidade de estimular o crescimento, a migração e a invasão de células endoteliais (localizadas na camada celular interna dos vasos sanguíneos)", contou a pesquisadora.


"Como a revascularização é essencial para o crescimento de tumores e metástases, o controle da angiogênese é uma estratégia promissora para limitar a progressão do câncer", indicou.

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Próximas etapas


De acordo com Zuccari, atualmente ela e seu grupo concluem um estudo no qual avaliam o papel da melatonina na diminuição de metástase de células de câncer de mama.

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Os resultados preliminares também indicaram uma diminuição significativa do foco de metástase em camundongos que receberam injeções do hormônio. "Estamos tentando mostrar que existem diferentes frentes de ação da melatonina e que o hormônio é eficiente em todas elas", apontou.


Após a conclusão dos estudos em animais, a ideia é realizar um estudo clínico – em humanos – com a melatonina. O principal obstáculo para isso, no entanto, é que, por ainda não ter ação comprovada no tratamento do câncer, o hormônio não pode ser usado em pacientes que possuem outra possibilidade terapêutica.

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"Teríamos de começar o estudo clínico com um grupo de pacientes terminais, sem opção de tratamento, para verificar, inicialmente, se a melatonina melhora o bem-estar deles, por exemplo, para depois analisar outras questões, tais como se ela inibe a progressão do câncer", afirmou Zuccari.


Os pesquisadores iniciaram um estudo com mulheres com e sem câncer de mama, em uma mesma faixa etária, para avaliar a hipótese de que mulheres com câncer possuam níveis de melatonina no organismo mais baixos do que as que não têm câncer.

"Se essa hipótese for confirmada, talvez por isso essas mulheres com câncer de mama não consigam obter os efeitos protetores proporcionados pela melatonina e necessitem suplementá-la em suas dietas", disse Zuccari.


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