Um novo estudo buscou investigar os motivos da diferença entre pessoas capazes de dormir em locais com muito ruído e outras que têm sono leve e despertam por qualquer barulho.
A pesquisa, publicada nesta terça-feira, 10, na revista Current Biology, descobriu um padrão distinto nos ritmos cerebrais espontâneos daqueles que dormem de forma pesada.
"Ao medir as ondas cerebrais durante o sono, pudemos aprender muito sobre a capacidade do cérebro de um indivíduo em bloquear os efeitos negativos dos sons. Observamos que, quanto mais fusos do sono o cérebro produz, mais chances a pessoa tem de continuar dormindo, mesmo em ambientes barulhentos", disse Jeffrey Ellenbogen, da Escola Médica Harvard, nos Estados Unidos.
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Durante o sono, as ondas cerebrais se tornam mais lentas e organizadas. Fusos do sono se referem aos breves picos de ondas de frequência mais elevada. Esses saltos de atividade são gerados pelo tálamo, região cerebral envolvida na integração das informações sensoriais (com exceção do olfato).
"O tálamo provavelmente evita que informações sensoriais cheguem a áreas do cérebro que percebem e reagem aos sons. Os resultados do nosso estudo fornecem uma evidência de que os fusos do sono são marcadores para esse bloqueio. Mais fusos significam mais sono estável, mesmo quando há ruídos", afirmou Ellenbogen.
O cientista e colegas se surpreenderam com a magnitude do efeito dos fusos do sono. Eles analisaram em laboratório, durante três noites, os padrões cerebrais de voluntários - na primeira noite, com silêncio e, nas outras duas, submetidos a diversos tipos de sons, como telefones tocando, pessoas conversando e ruídos mecânicos.
"Os efeitos dos fusos do sono são tão pronunciados que pudemos percebê-los após apenas uma única noite", explicou Ellenbogen. Os cientistas esperam que o trabalho possa levar ao desenvolvimento de maneiras de aumentar os fusos do sono por meio de técnicas comportamentais, medicamentos ou dispositivos (com Agência Fapesp).