Um levantamento realizado pelo Hospital do Coração (HCor), o índice de pacientes com intoxicação alimentar saltou de 280 para 624 por ano, entre 2009 e 2013. Isso representa um aumento de 122%. "As pessoas estão comendo cada vez mais fora de casa e, sem os cuidados devidos, isso pode representar a origem de muitas contaminações", alerta o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni.
Entre 2003 e 2009, o percentual das refeições fora de casa passou de 25,74% para 33,10% na área urbana e de 13,07% para 17,50% na área rural, segundo Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE. "A falta de tempo para cozinhar, a distância entre local de trabalho e residência, além da crescente oferta de restaurantes por quilo, fast food e outros influenciam nesse padrão de comportamento", afirma Magnoni.
Dados do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica), da Secretaria de Estado da Saúde, mostram números expressivos de intoxicação alimentar. Entre 2011 e 2012, foram confirmados 307 surtos de DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos) no Estado de São Paulo, sendo que 282 foram casos de diarreia.
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É considerado surto quando duas ou mais pessoas apresentam a mesma doença após ingerirem água ou alimento da mesma origem. "Os alimentos podem ser contaminados de diversas formas, seja pelo manuseio inadequado, pelo armazenamento em condições desfavoráveis ou, até mesmo, por estarem a data de validade vencida", alerta.
O médico aponta ainda para o movimento das "Food Trucks", que tem ganhado cada vez mais destaque nas grandes metrópoles. "É uma tendência saudável e moderna, mas que deve ser acompanhada por normas rígidas de segurança alimentar para garantir condições básicas de higiene e evitar intoxicações alimentares".
Manual de Segurança Alimentar
Para mostrar à população como se proteger da intoxicação alimentar, o serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do HCor, aliado ao Instituto de Metabolismo e Nutrição – IMeN, à consultoria ORACULUM – Inteligência em Nutrição e Saúde, e à diretoria de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, desenvolveu um manual básico, educacional e normativo das práticas seguras na alimentação fora de casa. Intitulado "Decálogo da Alimentação Segura", o manual traz em 10 indicações os principais cuidados com alimentação em restaurantes e lanchonetes.
1. Procure um estabelecimento limpo e com demonstrações objetivas de preocupação na higiene do ambiente e dos funcionários, observe a movimentação dos funcionários na reposição dos pratos expostos;
2. Atenção às preparações gastronômicas e culinárias com alimentos que podem ser reaproveitados de um dia para o outro;
3. Evite alimentos de origem animal que sejam apresentados na forma crua, mesmo que sejam pratos culturais;
4. Verifique se os alimentos apresentados em buffets estão adequadamente refrigerados. Existem legislações sobre refrigeração e temperatura de alimentos em buffets;
5. Evite cremes e molhos para salada que não estejam sob refrigeração. Observe as datas de validade dos produtos industrializados e as etiquetas de fabricação nos alimentos manipulados;
6. Observe se os alimentos quentes estão expostos por muito tempo, evite aqueles que já estão mornos e deveriam ser servidos quentes;
7. Fique atento às frituras e grelhados, sempre prefira os que são produzidos segundo a necessidade da demanda e dentro de boa visibilidade do cliente;
8. Evite sobremesas e bolos com recheios cremosos baseados em leite e ovos;
9. Prefira buffets com proteção aos alimentos expostos, como vidros sobre o balcão self service.
10. Por fim, às vezes, o responsável pode ser você mesmo. Lave sempre as mãos antes das refeições!