O número de casos de dengue registrados no bairro de Piracicaba (SP) que recebeu mosquitos Aedes aegypti modificados geneticamente caiu 91% no ano epidemiológico 2015/2016 em relação ao mesmo período de 2014/2015.
O inseto modificado geneticamente consegue reduzir a proliferação do mosquito selvagem. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (14), pela Oxitec do Brasil, empresa que produz o Aedes aegypiti modificado.
O bairro Cecap Eldorado registrou apenas 12 casos durante o ano epidemiológico, contra 133 casos ocorridos no período anterior. Segundo a Vigilância Epidemiológica, no restante do município, a redução foi de 52%: 3.487 casos de dengue em 2014/2015 e 1.676 em 2015/2016.
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O ano epidemiológico da dengue tem início na 27ª semana do ano, e vai até a 26ª semana do seguinte e é usado pelos serviços de vigilância em saúde como base para registro e acompanhamento das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
"De um ano para o outro, conseguimos reduzir a incidência de dengue em mais de 50% em Piracicaba, resultado de um trabalho contínuo para eliminar os focos de água parada, que são o criadouro do mosquito. No Cecap Eldorado, onde tivemos o projeto Aedes do Bem, a redução foi extraordinária, acima de 90%", diz o secretário municipal de Saúde, Pedro Mello.
Devido à redução do número de casos no Cecap Eldorado, a prefeitura de Piracicaba decidiu prorrogar e ampliar o projeto. O uso do Aedes modificado será estendido para a região central do município, abrangendo uma área com 11 bairros e 60 mil habitantes. Os primeiros mosquitos modificados na região central devem ser liberados no bairro São Judas na penúltima semana de julho.
O projeto irá beneficiar os bairros de São Judas, São Dimas, Centro, Clube de Campo, Cidade Jardim, Cidade Alta, Parque da Rua do Porto, Nhô Quim, Jardim Monumento, Nova Piracicaba e Vila Rezende.
Como funciona
Os insetos com os genes alterados copulam com as fêmeas originais do ambiente e geram descendentes que não conseguem chegar à fase adulta. Os mosquitos modificados foram desenvolvidos pela empresa britânica Oxitec.
A implementação do inseto no Brasil foi feita em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), que o adaptou ao ambiente local. Segundo a empresa, os machos transgênicos não picam e não transmitem doenças. Os descendentes do Aedes aegypti modificados também herdam um marcador fluorescente que permite que eles sejam identificados no laboratório. De acordo com a empresa, com isso, é possível fazer a medição de impacto, o monitoramento e a avaliação da eficácia durante todo o programa.