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Estudo francês controverso vê efeito protetor da nicotina contra o coronavírus

Cláudia Collucci - Folhapress
04 mai 2020 às 09:59
- Reprodução/Pixabay
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Um controverso estudo francês publicado na semana passada sugerindo que a nicotina possa ter efeito protetor contra o novo coronavírus causou alarde na comunidade científica internacional.

A partir de uma revisão de artigos recentes e da observação de casos em um hospital francês, o trabalho apontou a baixa a taxa de fumantes entre os pacientes de Covid-19 (5% entre um total de 500 analisados).

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Outros pequenos estudos já tinham observado que o índice de tabagistas entre os infectados varia entre 1,4% e 12,5%. Mas são meras associações, já que nenhum ensaio clínico controlado sobre o tema foi publicado até agora.

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A hipótese levantada pelos pesquisadores é de que o vírus não consiga penetrar na célula porque a nicotina está usando o mesmo receptor celular.

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No entanto, especialistas no assunto rebatem essas conclusões. Para eles, há uma grande fragilidade científica no trabalho francês e não é possível apontar nenhum benefício associado ao tabagismo.


Além de não ser controlado, o trabalho foi publicado em um periódico não indexado em bases de dados científicas e não passou por revisão de experts.

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A OMS (Organização Mundial da Saúde) também tem publicado informes dando conta de que "as evidências atuais sugerem que a gravidade da Covid é maior entre os fumantes".


Um relatório de março do ECDC (Centro Europeu de Controle de Doenças, na tradução) identificou os fumantes como um "grupo vulnerável" à infecção pela Covid-19.

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Para a OMS, muitos fumantes também já podem ter doença pulmonar ou capacidade pulmonar reduzida, o que aumentaria muito o risco da forma grave da Covid-19.


O consumo de cigarro mata cerca de oito milhões de pessoas todos os anos. Os efeitos nocivos à saúde, como câncer ou ataques cardíacos, são irrefutáveis.

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Em entrevista à agência AFP, o grupo francês disse que pretende seguir com o estudo e administrar adesivos de nicotina em três ensaios clínicos.


Um deles, preventivo, será voltado a profissionais da saúde e terá como objetivo identificar o papel protetor da substância.
Os outros dois pretendem estudar o eventual papel terapêutico da substância no tratamento de pacientes hospitalizados e doentes mais graves em unidades de terapia intensiva. Essa fase depende de autorização e de apoio do Ministério da Saúde francês.

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É a segunda vez que a França se vê envolvida em estudos polêmicos durante a pandemia de Covid-19 e em ambas pela mesma razão: a publicação de trabalhos que fogem ao chamado padrão ouro da ciência, que são os estudos controlados randomizados duplo-cegos, ou seja, nem os pesquisadores nem os pacientes sabem se estão tomando o medicamento ou o placebo, para evitar viés.


A primeira situação envolveu o estudo do infectologista francês Didier Raoult que apontou benefícios no uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, mas foi mundialmente criticado por cientistas.


Em 3 de abril, a sociedade científica responsável pelo periódico que o publicou, a International Society of Antimicrobial Chemotherapy, disse que a pesquisa "não atendia aos padrões esperados, especialmente pela falta de explicações dos critérios de inclusão e triagem dos pacientes."

Na comunidade científica, há uma percepção de que, em razão da emergência do coronavírus, estão sendo publicados artigos sem revisão ou de modo mais apressado e que jamais seriam publicados em situações normais.


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