Dados do IBGE apontam que cerca de 50% das causas de óbitos de mulheres adultas no Brasil ocorrem por decorrência de doenças cardiovasculares e neoplasia. O acidente vascular cerebral (AVC) e o infarto agudo do miocárdio (IAM) são as mais incidentes no grupo das doenças do coração.
Já o câncer de mama aparece como a principal causa de morte por neoplasia. Pelo menos é o que aponta um estudo brasileiro realizado com mais de 300 mulheres que se submeteram ao tratamento do câncer de mama e outras que nunca foram portadoras da doença.
Relacionada com o desenvolvimento das doenças cardiovasculares femininas, a síndrome metabólica – definida como um conjunto de fatores de riscos metabólicos – já é alvo de diversos estudos que apontam uma relação direta com o câncer de mama.
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A obesidade abdominal, a dislipidemia (HDL baixo e triglicerídeos aumentados), a hipertensão arterial e a disglicemia (glicose alta) são exemplos da síndrome que causa uma resistência insulínica nos indivíduos, que ocorre quando a ação normal da insulina está prejudicada. A relação da síndrome metabólica com o câncer de mama tem sido extensivamente estudada nos últimos anos, tendo em vista a perspectiva desta síndrome como causa do câncer de mama e também como efeito posterior ao câncer.
Os mastologistas Daniel Buttros e Gilberto Uemura, da Sociedade Brasileira de Mastologia, participaram de um estudo brasileiro realizado pela Faculdade de Medicina de Botucatu (SP) que avaliou 312 mulheres da mesma faixa etária. Dentre elas, 104 tratadas de câncer de mama há pelo menos 5 anos, e 208 que nunca foram portadoras da doença.
"A conclusão foi que as pacientes com câncer apresentaram maior risco para desenvolver síndrome metabólica do que o outro grupo, com prevalência de 50% e 37,5% respectivamente", explica Gilberto Uemura.
No estudo, a obesidade abdominal e a redução do HDL, conhecido como "colesterol bom", aparecem entre os principais contribuintes para a maior prevalência da síndrome no sexo feminino, assim como a falta de atividade física também está diretamente relacionada ao desenvolvimento dessa síndrome.
"Outros estudos já apontavam que o ganho de peso entre as mulheres tratadas de câncer de mama é superior a 60%. E isso se deve, em parte, à diminuição da atividade física, associado ao estresse psicológico e físico do tratamento", afirma Uemura, acrescentando que a promoção de estilo de vida saudável é de particular importância nessa população vulnerável, incluindo a orientação alimentar e atividade física, como melhora na qualidade de vida.
Buttros e Uemura também afirmam que,após o tratamento curativo mulheres obesas têm maior chance de recorrência da síndrome e apresentam o dobro do risco de morte pelo câncer quando comparadas a mulheres não obesas. "A opção por hábitos saudáveis de vida, como dieta adequada e exercícios físicos regulares são eficazes contra a obesidade e, principalmente, a síndrome metabólica.
Esse conceito já é bem conhecido na prática diária contra as doenças cardiovasculares, e agora demonstra também ganho significativo na guerra contra o câncer de mama", concluem os mastologistas.