Dois estudos sobre o Lucentis, apresentados durante a reunião anual da Associação Americana de Diabetes, revelaram que a droga mostrou-se eficaz no tratamento de edemas maculares diabéticos. Como por enquanto o medicamento só é aprovado para o tratamento da DMRI - degeneração macular relacionada à idade - a empresa responsável pelas pesquisas, pretende buscar junto ao FDA - Food and Drug Administration - a liberação de um uso mais amplo do medicamento, visando tratar os edemas maculares diabéticos também.
"A aprovação da droga para o tratamento de edema macular diabético, nos EUA, pode fazer com o medicamento seja liberado para o mesmo fim, aqui, pela Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária", afirma o oftalmologistado IMO, Instituto de Moléstias Oculares, Juan Carlos Caballero.
Os estudos que motivaram a empresa a buscar este novo fim para a droga envolveram mais de 759 pacientes com edema macular diabético, o EMD. O EMD é um "inchaço" da retina que aparece em pessoas com retinopatia diabética e por vezes, leva ao comprometimento da visão. Cerca de 10% dos pacientes diabéticos desenvolvem edema macular diabético.
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No estudo RISE, que envolveu 377 doentes, 44,8% dos doentes que receberam uma dose baixa de Lucentis e 39,2% dos doentes que tomaram uma dose maior do fármaco foram capazes de ler um adicional de 15 letras de um placard de exame, em comparação com 18,1% dos doentes que receberam placebo. Além disso, aproximadamente 63% dos doentes que receberam a maior dose de Lucentis conseguiram visão 20/40, a partir de uma base de cerca de 20/80, contra 38% dos pacientes no grupo placebo.
No estudo RIDE, que envolveu 382 doentes, 33,6% dos pacientes que tomaram a mesma dose baixa de Lucentis e 45,7% dos pacientes que tomaram a dose mais elevada foram capazes de ler um adicional de 15 ou mais letras de um placard de exame a seguir ao tratamento, em comparação com 12,3% dos pacientes que receberam placebo. Além disso, 54% e 62% dos pacientes que receberam a dose baixa e alta de Lucentis, respectivamente, atingiram visão 20/40, em comparação com cerca de 35% dos pacientes que receberam placebo.
Os investigadores também perceberam que 11,5% dos pacientes no grupo placebo do estudo experimentaram a agravação da doença, em comparação com 3,2% dos pacientes que receberam baixas doses de Lucentis e 3,9% dos doentes a quem foi dada uma dose maior da droga.
Emprego do laser
Atualmente, a terapia com laser é o tratamento utilizado nos casos de edema macular diabético. "O que as pesquisas americanas apontam é que o tratamento da moléstia com o emprego do Lucentis pode preservar a visão do paciente com edema macular, mesmo em casos onde o laser não consegue restaurar a visão do paciente. Em apenas uma semana de tratamento, a droga mostrou uma redução na espessura do edema e melhoria na visão", informa Edson Branzoni Leal, oftalmologista que também integra o corpo clínico do IMO.
O edema macular diabético atinge principalmente pacientes com diabetes tipo 2. O surgimento do inchaço está relacionado a fatores como pressão arterial e controle inapropriado do diabetes. O paciente diabético, principalmente o que apresenta altas taxas de glicemia no sangue, pode ser acometido de grande fragilidade nos vasos sanguíneos retinianos, levando, muitas vezes, a ocorrência de vazamentos nessa região, o que causa o edema. "A perda na quantidade e na qualidade de visão são os primeiros sinais da presença do edema macular diabético. Sem tratamento, a visão fica cada vez pior", explica Edson Leal.
A forma de tratamento mais usual quando o diagnóstico de edema macular diabético é feito no início da doença é a fotocoagulação a laser. "O procedimento consiste na cicatrização dos vasos sanguíneos rompidos por meio da ação do laser sobre a área danificada", diz o oftalmologista.
Se o diagnóstico do edema for obtido quando o paciente apresenta-se no estágio mais avançado do problema, o tratamento mais indicado é a combinação de injeções vítreas de fatores anti-VEGF e/ou de corticóides com a fotocoagulação. "As injeções apresentam resultado em curto prazo. Independentemente da injeção, o paciente deve fazer a fotocoagulação para que a mácula não volte a inchar", diz Edson Leal (com MW- Consultoria de Comunicação).