Socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) estão com dificuldade para receber as macas retidas nos pronto-socorros dos hospitais de Londrina devido à superlotação. Segundo o gerente do Samu e do Siate, Eduardo Capela Galeazzi, o problema é antigo e vinha sendo contornado porque o tempo para devolução das macas era menor - em média uma hora. Contudo, assegura Galeazzi, nos últimos dias, o problema atingiu o seu ápice. ''Hoje (ontem), das 10 macas disponíveis, seis estão retidas. O Hospital da Zona Norte (HZN) está há dois dias com uma. O Hospital Universitário (HU) e o Evangélico (HE) também estão com as nossas camas'', revela. De acordo com o gerente, uma paciente psquiátrica grave chegou a ser atendida sem maca na tarde de ontem. A retenção das macas também estaria atrasando os atendimentos.
Conforme Galeazzi, o Samu estava atendendo com macas reservas e duas das seis ambulâncias utilizadas em Londrina, Cambé e Ibiporã não estavam circulando devido à falta do equipamento. ''A maca é primordial. Como socorro uma vítima de infarto, Acidente Vascular Cerebral (AVC)? Muitas vezes aceitamos a situação para preservar a integridade do paciente'', comenta Galeazzi. De acordo com o gerente, este problema é agravado pelo fato de o Samu organizar o fluxo de pacientes ao serviço de saúde.
O gerente aponta que o mesmo não vem ocorrendo com as macas das ambulâncias do Siate e do Corpo de Bombeiros, que também prestam atendimento pré-hospitalar. ''O Samu realiza uma média de cinco mil atendimentos ao mês. Já o Siate atende 1/6 disso. Falta conscientização para que o serviço pré-hospitalar não se transforme em uma extensão do hospital'', critica. Para Galeazzi, a solução para o problema seria os hospitais providenciarem mais macas.
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Galeazzi solicitou ao Ministério Público que tome providências em relação ao problema. Ele também pede que os funcionários sejam isentados de responsabilidade caso ocorra algo ao paciente por causa da falta da maca. O promotor de Defesa dos Direitos e Garantias Constitucionais, Paulo Tavares, informou que nos próximos dias conversará com a gerência do Samu, gestores dos hospitais e Secretaria Municipal de Saúde para chegar a uma solução. ''A situação é complexa. Os hospitais também relatam que o Samu busca atendimento mesmo sendo informado que não há vagas. Precisaremos dosar os dois lados para não cometer injustiça'', pondera.
Procurada pela reportagem, as assessorias dos hospitais Universitário e Evangélico admitiram que os estabelecimentos retêm as macas do Samu quando os Pronto-Socorros estão superlotados, mas que, tão logo o paciente é devidamente acolhido, são liberadas. Ontem, os PSs de ambos estavam superlotados - com capacidade para 48 leitos o HU contabilizava 70 pacientes. Já no Evangélico, seis pessoas ocupavam os dois leitos.