Atualmente, a Secretaria Municipal de Saúde repassa o dinheiro do SUS aos hospitais filantrópicos de Londrina entre os dias 12 e 20 de cada mês. A verba chega mais de uma semana após o dia no qual as instituições têm para pagar os salários dos funcionários. Com os caixas vazios no início do mês, os hospitais precisam emprestar recursos de bancos e, posteriormente, desembolsar valores significativos para pagar os empréstimos, que, em muitas vezes, vêm acompanhados de juros altos. Levantamento entregue à Secretaria de Saúde pelos hospitais mostra que, mensalmente, as unidades 'desperdiçam' cerca de R$ 300 mil somente com juros bancários.
Os dados da pesquisa fez com que o município mudasse a data do repasse do dinheiro para o dia 3 de cada mês. "Os hospitais vão receber a verba bem antes e, assim, conseguir dar conta das folhas de pagamento até o dia 5. Com o reforço nos caixas, os hospitais não vão precisar mais recorrer aos empréstimos bancários", destacou o secretário municipal de Saúde, Gilberto Martin, em entrevista ao Bonde nesta terça-feira (8).
Ele explicou que o município pretende repassar cerca de R$ 5 milhões aos hospitais no início do mês, e o restante da verba (R$ 6 milhões) no decorrer das próximas semanas.
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A Santa Casa, por exemplo, conforme o secretário, tem mais de 1,5 mil funcionários e chegou a gastar até R$ 100 mil em um único mês para pagar os juros dos empréstimos bancários. "É um valor que, indiretamente, vai passar a ser economizado e utilizado em melhorias", observou Martin.
O secretário citou, ainda, que o município vai parar de descontar 10% dos chamados valores pré-fixados, também repassados mensalmente aos hospitais filantrópicos dentro da verba total do SUS. Com o desconto anulado, conforme ele, as instituições vão passar cerca de R$ 200 mil a mais por mês. "Com essa reorganização, vamos conseguir incrementar os caixas dos hospitais em pelo menos R$ 500 mil todo mês", disse, garantindo que as mudanças não vão impactar diretamente no caixa da secretaria. "São medidas administrativas que tratam do fluxo interno dos repasses", completou.
Martin lembrou que as instituições recebem cerca de R$ 11 milhões mensais do município. O valor, enviado à prefeitura pelo Ministério da Saúde, está defasado em R$ 3,1 milhões. "O último aumento do teto do SUS ocorreu entre 2009 e 2010. De lá para cá, o número de atendimentos aumentou significativamente e o valor se manteve o mesmo. A conta não fecha", argumentou.
As contas foram apresentadas ao ministro da Saúde, Arthur Chioro, em outubro. "Ele admitiu que, por conta da crise econômica e financeira enfrentada pelo país, o governo não tem condições de aumentar o repasse atualmente", contou o secretário, acrescentando que o ministro condicionou o reajuste à aprovação da recriação da CPMF. "Devo voltar a conversar com ele sobre a nossa situação em janeiro", garantiu Martin.