Um idoso de 71 anos com suspeita de acidente vascular cerebral (AVC) precisou esperar mais de seis horas até conseguir uma vaga em um hospital de Londrina. Morador de São João do Ivaí (75 km ao sul de Apucarana), ele foi inicialmente levado pela família até o Hospital do Câncer de Londrina (HCL), onde desde outubro trata um câncer de próstata. No entanto, por não se tratar de um caso oncológico, o paciente não pôde ser atendido pela instituição, sendo necessária sua transferência para outro hospital da cidade.
De acordo com Tiago da Silva Brito, filho de José Lemes de Brito, ele e seu pai chegaram ao pronto-atendimento do HCL às 7h, transportados por uma ambulância da prefeitura de São João do Ivaí. Após avaliação médica, o Samu foi acionado para poder encontrar uma vaga em um dos três hospitais terciários de Londrina que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - Evangélico, HU e Santa Casa.
O administrador-geral do HCL, Edmilson da Silva Garcia, diz que a instituição não conta com estrutura para atender casos que fogem às especialidades oferecidas. "Estamos superlotados e com dificuldade para receber as pessoas com câncer que nos procuram. O senhor José Lemes de Brito é nosso paciente, mas na situação de hoje ele deveria ter sido levado a um hospital que pudesse atendê-lo de acordo com o seu problema médico, que era uma suspeita de AVC", explica. Atualmente, o HCL oferece 187 leitos pelo SUS e estuda abrir mais 14 vagas com a utilização de espaços reservados a convênios médicos e pacientes particulares para tentar contornar a superlotação.
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"Havia, inclusive, uma solicitação de tomografia para ele, mas o exame não poderia ser feito até que esta situação de emergência fosse sanada", afirma. Garcia também informa que o equipamento de tomografia foi trocado por um mais moderno na manhã desta sexta, impossibilitando os atendimentos agendados. Depois dos testes de funcionamento, os exames voltaram a ser feitos por volta das 10h.
Em contato com a reportagem do Portal Bonde, o filho lamenta o tempo de espera até receber o atendimento adequado. "Queria que cuidassem do meu pai, ele não poderia ser deixado na porta do hospital tanto tempo. As pessoas precisam ser mais valorizadas, somos humanos e precisamos de respeito", pede.
Às 12h, o Samu conseguiu um lugar para Lemes no Hospital Evangélico. Ele deu entrada por volta das 13h30 e às 17h estava no ambulatório aguardando exames. Seu quadro clínico é estável.