Os seres humanos são praticamente a única espécie animal a contar com avós envolvidos na vida dos netos. Uma pesquisa de suíços e australianos, que analisou estudos anteriores de todo o mundo para definir o papel dos avós, destaca como fundamental o papel dos avós no início da vida. O estudo foi publicado na mais recente edição do Psychological Science, publicação da APS, Association for Psychological Science.
Segundo um dos autores da pesquisa, David Coall, da Universidade Edith Cowan, os avós têm um papel muito relevante na história da vida humana, que só é compartilhado com uma ou duas outras espécies, tais como algumas baleias.
"Os avós, nas sociedades industrializadas, investem uma quantidade significativa de tempo e dinheiro em seus netos", diz o pesquisador. E cuidar dos netos enquanto os pais estão no trabalho, fornecendo recursos financeiros e apoio emocional, são apenas algumas das muitas maneiras pelas quais os avós expressam seu amor pelos netos.
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Depois de examinar diversas evidências das tradicionais sociedades humanas, os pesquisadores chegaram à conclusão de que a presença dos avós pode aumentar substancialmente as chances de uma criança sobreviver durante a infância.
Seu apoio prático e financeiro ajuda a manter os jovens em forma e saudáveis, enquanto seu amor e capacidade de escuta ajudam crianças e adolescentes a passarem por períodos difíceis, como o divórcio de seus pais.
Vários estudos têm relacionado avós com a sobrevivência da espécie. Por exemplo, uma análise dos registros da Finlândia revelou que crianças, cujos avós ainda eram relativamente jovens, quando eles nasceram, apresentavam uma probabilidade de viver mais tempo do que crianças com avós mais idosos. E neste processo, os avós maternos são particularmente importantes. Eles produzem o segundo nível mais alto de cuidados das crianças, seguido pelos avós paternos.
Ainda segundo os pesquisadores, os avós também se beneficiam muito da convivência com os netos, pois os avós que tomam conta de seus netos apresentam uma maior probabilidade de manterem-se fisicamente ativos, nos anos seguintes.
O papel dos avós na família
A importância da mutualidade da relação entre avós e netos foi reconhecida sobretudo durante a década de 80 e, desde então, o interesse sobre a avosidade cresceu consideravelmente. Dentre os fatores que contribuíram para esta situação, está o aumento na expectativa de vida, o que tem levado a maior tempo de permanência dos indivíduos na função de avós.
O século XXI será o século dos avós. Entre os americanos, cerca de 50% tornam-se avós entre 49 e 53 anos, passando de 30 a 40 anos exercendo este papel. Na França, cerca de 80% das avós têm mais de 65 anos e 50% delas tornar-se-ão bisavós, enquanto em torno de 20% das mulheres com mais de 80 anos já são tataravós.
Na Inglaterra, quase metade da população tem netos, sendo que 25% do grupo são os principais cuidadores dessas crianças, passando, em média, seis horas por semana substituindo os pais.
No Brasil, quanto mais elevado o número de filhos, maior é a chance de a mulher acima de 60 anos ter filhos e netos residindo em sua casa. "Por aqui, segundo dados do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, os avós são cada vez mais responsáveis por cuidar dos netos, uma vez que os pais precisam se dedicar ao trabalho para manter a renda familiar", afirma a médica Renata Diniz, que dirige a VRMedCare, empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira idade.
De acordo com dados dos Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010, na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%) um contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma convivência intergeracional no interior das unidades domésticas brasileiras.
Importância dos netos para os avós
"Estar perto de filhos ou netos têm efeitos extremamente positivos - tanto emocional quanto fisicamente - sobre a saúde dos pais idosos. Netos que rotineiramente vivem em torno de seus avós idosos irão notar mudanças em sua saúde com mais facilidade, incentivando-os a procurar um médico mais cedo", afirma a médica Vanessa Morais, que também dirige a VRMedCare, empresa especializada em cuidados domiciliares na terceira idade.
"Se a família e os entes queridos estão por perto criam uma rede de apoio favorável à permanência do idoso em casa, mesmo quando este está enfermo. Na ausência de familiares, o mais freqüente é a internação hospitalar, geralmente, de longa duração",diz Vanessa Morais.
Márcia Wirth - MW- Consultoria de Comunicação