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Academia para o cérebro

Japão melhora a mente e cria idosos "feras" em matemática

Redação Bonde
13 jun 2015 às 11:09

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O pesquisador Endo Tokiko mora em Sendai, a maior cidade da região de Tohoku, no Japão. Acho que ela não vai se importar por eu dizer sua idade. Com certeza, ela própria está contando para todo mundo como foi que, aos 80 anos, venceu, humilhou - ou, melhor ainda -, destroçou um britânico com a metade da sua idade, sem grandes dificuldades.

O neurocientista japonês é dedicado a mapear as regiões do cérebro que controlam emoções, linguagem, memória e conhecimento.

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Ele é muito conhecido em círculos acadêmicos. Mas também tem um grupo de admiradores formado por milhões de crianças e adultos que o conhecem como o professor do jogo de videogame Brain Game, da Nintendo.

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A fama de Kawashima começou a crescer após a publicação de seu livro Treine o seu Cérebro, que teve mais de 2,5 milhões de cópias vendidas. Depois dele, vieram mais títulos, o que acabou despertando o interesse da Nintendo. Foi assim que o programa de treinamento do cientista acabou transformado em um jogo com 19 milhões de cópias vendidas.

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Pesquisador do Centro para o Envelhecimento Inteligente da Universidade de Tohoku, Kawashima trabalha agora com grupos de idosos, investigando formas de manter seus cérebros ativos por mais tempo.


Benefícios

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Kawashima acredita que a plasticidade do cérebro – a habilidade deste de se transformar – não existe apenas nos jovens, mas também em pessoas que têm demência.
Uma de suas preocupações é que o uso crescente de computadores torne nosso cérebro preguiçoso. Ou, em outras palavras, que o mundo moderno esteja nos emburrecendo.


Embora as teorias de Kawashima sejam vistas com algum ceticismo entre profissionais da área, seu trabalho é popular. E poderia beneficiar tanto pacientes com demência como a população em geral.

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Kawashima crê que fazer certos exercícios simples, feitos com frequência, possam ajudar a reverter alguns processos de envelhecimento em funções cerebrais.


Fazer contas de somar ou subtrair não apenas nos torna melhores em matemática, ele disse. Também nos ajuda a lembrar nomes e o lugar onde deixamos a chave de casa, e faz com que nosso cérebro tenha desempenho cada vez melhor em tudo o que faz.

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Três vezes por semana, um grupo de idosos moradores de Sendai vai à "academia cerebral" de Kawashima para treinar em ambiente controlado.


Eu participei de uma das sessões.

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Com um monitor acoplado à minha cabeça, competi contra a estrela dos alunos de Kawashima – a Endo Tokiko, mencionada no início desta reportagem.


Durante a competição, a octagenária não demonstrou qualquer emoção. Parecia tranquila, em controle. Olhava para a frente, sem sorrir.

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"Podem virar a folha e começar", disse Kawashima – uma frase que eu não ouvia há muitos anos.


Corri durante as dez primeiras perguntas, ganhando confiança ao ver que a prova ia ser mais rápida do que eu esperava. Achei que ia vencer fácil.


Mal percebi quando Tokiko começou a segunda página. Não queria olhar na direção dela para não me atrasar.


Terminei a primeira parte e me arrisquei a olhar de esguelha para minha oponente. Ela já terminava a prova enquanto eu havia completado apenas a primeira parte.


Com um sorriso quase imperceptível, colocou o lápis sobre a mesa e olhou para Kawashima. Não era preciso dizer nada, mas, mesmo assim, o cientista gritou, em voz alta: "Ganhou Tokiko!"
'Com a mão nas costas'


Eu não podia acreditar que tinha sido derrotado de forma tão contundente.


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E não foi só isso. Uma análise de nossa atividade cerebral durante o exercício revelou algo ainda mais surpreendente: enquanto eu usei todas as minhas armas mentais - o monitor no meu cérebro parecia um céu iluminado por fogos de artifício – o monitor de Tokiko revelou que ela usava uma porção mínima de sua capacidade mental.


Kawashima me explicou que minha oponente não tinha apenas me derrotado - ela havia feito isso com facilidade.


Esse desempenho brilhante era resultado de 15 minutos diários de treinamento.
Antes de escrever esta reportagem, tive de procurar de novo o nome de minha oponente. Ela, provavelmente, ainda se lembra do meu.

(Fonte: bbc)



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