Proliferam na web blogs de adolescentes fãs da boneca Barbie. Não à toa. A boneca, que completa 54 anos agora em 2014, continua fazendo moda. É a mais vendida no mundo, mesmo nesses tempos modernos em que as crianças estão cada vez mais plugadas no mundo virtual.
Nesses blogs, adolescentes que brincaram com suas Barbies quando crianças ensinam outras a serem cópias fiéis da boneca. Muitas dessas dicas estão longe de ser saudáveis e podem colocar em risco a saúde dos adeptos.
Um dos riscos é o uso da circle contact lens (em tradução, lentes de contato circular, tipo de lente cosmética que permite às meninas obter o aspecto dos olhos grandes, coloridos e cintilantes da Barbie). O uso dessas lentes pode trazer perigos à visão. Sua comercialização não é autorizada pelos órgãos reguladores de saúde em muitos países, incluindo o Brasil, porém isso não impede a compra livre pela Internet de produtos importados.
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De acordo com o oftalmologista Charles Costa, especialista em córnea e cirurgia refrativa , a circle contact lens se apresenta em uma variedade de cores e efeitos. "O diâmetro das lentes de contato regulares varia, em média, de 14 mm a 16mm. Semelhantemente, a circle contact lens não tem mais do que 15mm uma vez que os tamanhos maiores poderiam ser prejudiciais aos olhos. A diferença entre os dois tipos de lentes é que a circle contact lens é colorida não apenas na área que cobre a íris do olho, mas também com destaque na borda externa. O resultado é o aparecimento de uma íris maior, o que causa uma ilusão de olhos grandes ", explica.
Ardência, coceira e sensação de corpo estranho nos olhos, acompanhado de vermelhidão e neovascularização por higiene inadequada e falta de oxigenação são os principais sintomas e sinais associados ao uso indiscriminado da circle contact lens. Inflamações e infecções na córnea são outros riscos citados pelo oftalmologista. "Em casos graves, podem surgir infecções que levam à necessidade de transplante", esclarece.
As lentes de contato podem ser usadas com lubrificantes e sempre sob orientação médica, mesmo as cosméticas legalizadas. "As ilegais nunca devem ser usadas, apesar de muito disseminadas pelas mídias sociais."
O especialista enumera outras recomendações para quem usa lentes de contato: obedecer o número de horas diárias de uso; tirá-las antes de dormir; trocá-las quando vencida a data de validade; e, claro, fazer visitas periódicas ao oftalmologista. "Além disso, é preciso manter uma higiene rigorosa na manipulação. Mãos bens lavadas, limpar as lentes com produtos específicos e trocar a caixinha que a acondiciona no prazo certo", completa.
Início da febre
A moda da circle contact lens, também conhecida como big eye contact lens ou circle lens, começou há cerca de dez anos em países como Japão, China e Coréia do Sul, onde as garotas buscavam ter olhos parecidos com as personagens de desenhos animados, principalmente os famosos animes japoneses. É uma lente de contato cosmética. "Quando foram lançadas, elas estavam disponíveis apenas em formato descartável anual, mas com a disseminação comercial, estão agora disponíveis para uso diário, quinzenal e mensal. As lentes são populares entre adolescentes e jovens adultos. Muitas pessoas as consideram como um acessório de moda, em vez de um dispositivo médico. Em Hong Kong, muitas jovens modelos usam-nas como um ícone da moda popular", afirma o oftalmologista.
A febre ganhou o ocidente aos poucos e foi bastante disseminada por aqui pela cantora Lady Gaga, que as usa em shows. As fãs da Barbie encontraram nessas lentes uma oportunidade de ter um look ainda mais parecido ao da boneca. "Na Ásia, podem ser compradas em algumas lojas sem receita médica. A sua legalidade varia de acordo com as leis locais, e nos Estados Unidos são atualmente classificadas como um dispositivo médico cuja venda é proibida sem uma prescrição válida. Muitas questões relativas à qualidade dessas lentes surgiram dentro dos Estados Unidos. Existem ainda empresas que as vendem sem a aprovação dos serviços de saúde. Na Coréia, são fabricadas sob a aprovação e diretrizes da Korean Food and Drug Administration (KFDA) ", diz Costa