A 17ª Regional da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que abrange 21 municípios da norte do Paraná, registrou, em 2017, 60 casos de hanseníase, doença conhecida popularmente como lepra. Foram 35 casos em Londrina, seis em Ibiporã, cinco em Cambé, quatro em Jataizinho, três em Rolândia, dois em Porecatu e um em Bela Vista do Paraíso, Centenário do Sul, Primeiro de Maio, Sertanópolis e Tamarana.
Dentre as faixas etárias atingidas na região em 2017, dois casos acometeram pessoas com idades entre 15 e 19 anos; seis casos em pessoas entre 20 e 34 anos; 14 casos, entre 35 e 49 anos; 30 casos, entre 50 e 64 anos; sete casos, entre 65 e 79; e um caso na faixa acima dos 80 anos.
Para se ter uma incidência da doença no Brasil, o Boletim Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de 2014 mostra que o país detectou, naquele ano, mais de 31 mil casos, um coeficiente de detecção geral de 15,32/100 mil habitantes, considerado muito alto. Nesse mesmo ano, 21,5 mil casos ocorreram em população preta e parda e 8,1 mil na população branca e indígena.
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De acordo com Cristina Aranda, dermatologista responsável pelo tratamento de hanseníase na Policlínica Municipal e na 17ª Regional de Saúde, aproximadamente 90% da população têm uma proteção genética que impede o contágio, mas cerca de 10% ainda são suscetíveis à endemia. Essa porcentagem é responsável por colocar o Brasil no segundo lugar do ranking mundial de casos descobertos anualmente, segundo a Fundação PróHansen, do Paraná. Na última década, registrou-se uma média anual de 49 mil novos casos, atrás, apenas, da Índia, com densidade populacional 15 vezes maior e população duas vezes mais pobre que a do Brasil. Em 2015, 13% de todos os casos do mundo foram registrados no nosso país.
A doença
A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. De acordo com reportagem do G1, na Europa da Idade Média, as vítimas eram isoladas em centros criados pela Igreja Católica, que sustentava a ideia de que as lesões no corpo representavam a impureza religiosa do paciente. Os enfermos recebiam roupas diferenciadas e objetos que emitiam sons para que outras pessoas identificassem a presença de um doente no local.
Com o avanço da ciência, descobriu-se que a transmissão acontece pelo contato da bactéria com as vias respiratórias, assim como a gripe, e não pelo toque, apesar de a doença atingir a pele; e somente os pacientes com grande quantidade da bactéria e em estágio avançado e sem tratamento podem transmitir a doença.
A hanseníase causa a diminuição da sensibilidade e dormência nos nervos periféricos, que não estão no crânio nem na coluna vertebral, e sim nos braços, pernas e pés. Na maioria dos casos, é indolor e, no começo, apresenta manchas esbranquiçadas ou avermelhadas pelo corpo. A evolução da doença provoca incapacidades físicas que podem gerar deformidades graves, caso não haja tratamento.
Tratamento
Um autoexame é possível de ser feito passando algodão em cima e ao redor das machas para sentir se há dor ou sensibilidade diminuída. Caso a suspeita seja positiva, deve-se procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima; em Londrina são 54 UBSs, sendo 12 na zona rural.
Cristina Aranda explica que é comum que pacientes demorem de três a cinco anos para procurar ajuda médica, já que não há dor. Entretanto, a partir da segunda semana de tratamento a doença não é mais transmitida, o que diminui, também, o preconceito social vivido pelo paciente.
O tratamento é inteiramente gratuito, realizado pela rede pública, e se dá por meio de medicamento via oral e acompanhamento médico. Em estágios iniciais, ele dura 6 meses até ser finalizado. Em graus mais avançados leva-se, em média, um ano até que o paciente seja curado.
Com informação de N.Com.