Médicos devem orientar seus pacientes a fazer exames de diagnóstico de sífilis, HIV e hepatites B e C, segundo recomendação do Conselho Federal de Medicina (CFM), enviada na terça-feira, 15, para publicação.
A forma de aplicação da medida será definida por profissional. "Não é nada compulsório", afirmou o professor de Infectologia da Universidade Federal de Medicina de Minas Gerais (UFMG), Dirceu Greco, integrante da câmara técnica do CFM responsável pela edição da medida.
"Mas é uma oportunidade de ouro para se quebrar o gelo, discutir o assunto e tentar ampliar o número de diagnósticos", completou o professor de infectologia. A recomendação é dirigida para todos os profissionais, independentemente da especialidade ou do perfil do paciente.
Leia mais:
Acesso à internet pode melhorar a saúde mental de pessoas acima de 50 anos, diz estudo
Hormonologia, sem reconhecimento de entidades médicas, se espalha nas redes e tem até congresso
58 milhões de vacinas da Covid vencem no estoque federal; perda nos municípios é maior
Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil é neste sábado
Risco
O CFM afirma que o ideal é a realização dos exames uma vez na vida ou quando há situações de risco - relações sexuais desprotegidas mantidas com um parceiro que não se conhece a situação sorológica. Greco avalia que uma das vantagens da medida é trazer para o consultório o tema da vida sexual. "Médicos perguntam sobre a dieta, fazem recomendações gerais sobre peso, sobre colesterol ou atividades físicas. Mas poucos tocam no assunto da vida sexual", disse.
Greco afirma que o impacto que a recomendação trará para custos de saúde, sejam públicos ou do sistema suplementar, é muito pequeno, quando comparado com as vantagens. "Há ainda uma parcela da população que não sabe se é portadora dessas doenças", disse. "Ao saber da condição, o paciente pode ter acesso mais rapidamente a tratamentos, algo que pode ajudar em muito a reduzir custos."
De acordo com ele, a recomendação terá também um papel muito importante na prevenção dessas doenças. "Ao se falar sobre testes, profissionais podem abordar a forma de prevenção da doença, algo que não tem preço", disse.
Em 2014, foram registrados 39.951 casos de aids no País. O número é inferior ao que havia sido identificado em 2013, quando 41.814 foram relatados. Apesar disso, especialistas chamam a atenção para o avanço da epidemia nas faixas mais novas da população, sobretudo entre pessoas com idade entre 15 e 24 anos.
Sífilis
No caso de sífilis, somente são notificados de forma compulsória casos registrados entre gestantes e bebês. O número de infecções transmitidas durante a gestação para o bebê aumentou de forma expressiva nos últimos anos. Entre 1998 e 2014, foram notificados 104.853 casos em menores de 1 ano.
O departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde chegou a projetar 41.752 casos de gestantes com sífilis neste ano e 22.518 casos em recém-nascidos, caso a tendência de crescimento persista.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.