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Movimento encabeçado por pais influencia surto de doenças nos EUA

Redação Bonde
21 fev 2014 às 15:03

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Há alguns anos os Estados Unidos vêm sofrendo um processo de diminuição no nível de população vacinada, destacando-se a população infantil. Em 2012, foram registrados 48,2 mil casos de coqueluche, o maior índice desde 1955. No ano seguinte, foram cerca de 24 mil casos, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças, CDC, sigla em inglês).

Normalmente, casos de reincidência de doenças vacináveis como sarampo, catapora e tétano são comuns em países com menos recursos. No entanto, ultimamente, o caso particular dos EUA vêm dando sinais de alerta referente movimento chamado 'antivacina', liderado por pais temerosos aos efeitos colaterais e possíveis sequelas trazidos pelas vacinas.

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De acordo com Laurie Garrett, especialista em saúde global do Council on Foreign Relations (Conselho de Relações Exteriores, CFR, sigla em inglês), o caso do surto de coqueluche pode estar ligado ao fato de que a vacina mais utilizada hoje em dia não é tão eficaz quanto costumava ser. Mas os surtos relacionados à caxumba e sarampo podem estar diretamente ligados ao movimento antivacina.

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Garrett é uma das autoras de um mapa interativo publicado pelo CFR que mostra os surtos de doenças vacináveis ao redor do mundo de 2008 a 2014.

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Segundo a especialista, não é preocupante apenas a situação norteamericana, mas também a situação britânica. "Os níveis de vacinação na Grã-Bretanha para doenças como sarampo, caxumba e rubéola vêm despencando. Há comunidades inteiras em que a cobertura está abaixo de 50%. No caso de uma doença tão contagiosa como o sarampo, qualquer nível abaixo de 90% é perigoso", complementa Garrett.


Autismo

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Chamado 'Antivacina', o movimento encabeçado por pais tem origem em estudos do pesquisador britânico Andrew Wakefield que relacionava a Tríplice Viral (vacina contra caxumba, sarampo e rubéola) à ocorrência do autismo.


Anos depois, nenhuma outra pesquisa encontrou fundamento na teoria de Wakefield. Em 2010 uma comissão de ética avaliou o estudo e confirmou diversas fraudes nos dados utilizados. A licença médica de Wakefield foi cassada e as publicações retidas. Mesmo assim, a teoria se espalhou e convenceu disversos pais e pessoas públicas, como a ex-coelhinha da Playboy, Jenny McCarthy, que passaram a apoiar e dar voz ao movimento. McCarthy passou a apoiar a causa após seu filho ser diagnosticado com autismo em 2007.

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Atualmente o movimento encontra-se estruturado e possui entidades destinadas a informar os adeptos da teoria. Segundo Barbara Loe Fisher, presidente e fundadora do National Vaccine Information (Centro de Informações sobre Vacinas), seu filho, Chris, sofreu forte reação à vacina tríplice DPT (contra difteria, coqueluche e tétano) e adquiriu sequelas.


Ainda de acordo com ela, a intenção do movimento e da instituição não é fazer com que as pessoas parem de vacinar seus filhos, mas sim, que elas saibam que têm direito a informação. "Queremos educar as pessoas para que entendam sobre os riscos de complicações das vacinas, para que possam tomar decisões bem informadas", disse Fisher à BBC Brasil.

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Número de vacinas


Segundo Fisher, outra questão que também preocupa é o montante de vacinas exigido pelo governo.

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"Esse número triplicou nos últimos 30 anos. Em 1982, eram 23 doses de sete diferentes vacinas até os seis anos de idade. Hoje, o governo recomenda 69 doses de 16 vacinas até os 18 anos", afirma.


Crianças norteamericanas são obrigadas a apresentarem comprovante de vacinação para matricularem-se na escola. Todos os Estados americanos aceitam isenções médicas por motivos de saúde. Em outros 48, é aceitável a isenção por motivos religiosos.

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Perfil


Segundo estudos, os níveis de crianças não vacinadas são maiores na população com maior nível de escolaridade, informou à BBC Brasil a epidemiologista Allison Fisher, do CDC.


De acordo com Garrett, atualmente, os surtos nos EUA ocorrem em meio à população mais rica. Anos atrás, eles estavam ligados às periferias, uma vez que os programas do governo encontravam dificuldades para penetrar nestes lugares.


"Se nosso mapa interativo englobasse os anos 1950, veríamos que, naquela época, os surtos estavam associados à falta de infraestrutura para levar as vacinas às crianças pobres", diz Garrett.


Riscos


Segundo Allison Fisher, do CDC, pelo desaparecimento aparente de algumas doenças nos Estados Unidos, as pessoas tendem a pensar que elas simplesmente não existem mais e reforça, dizendo que a decisão de não vacinar traz grandes riscos.


Garrett, do CFR, afirma que hoje em dia é inadmissível que uma criança norteamericana pegue sarampo. Segundo ela, quando viaja a países com menos recursos, as pessoas se questionam por que não têm acesso fácil a vacinas.


"A ironia é que você volta aos EUA e ouve todas essas pessoas dizendo: 'Não queremos vacinas', finaliza a especialista.

(Com informações da BBC Brasil)


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