A resolução da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que proíbe a venda de antibióticos sem receita médica desde o final de novembro está fazendo muitas pessoas procurarem alternativas para tratar irritações oculares. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, os prontuários do hospital mostram que durante o mês de dezembro 1 em cada 2 pacientes já chegavam aos consultórios usando colírio por conta própria. Significa que a automedicação aumentou 10% neste período. Isso porque, um estudo finalizado pelo médico em 2007 aponta que no verão o uso de colírios sem prescrição atinge 40% contra 30% no restante do ano.
O especialista diz que o calor facilita a proliferação de bactérias. Não por acaso, nesta época do ano cresce a incidência da conjuntivite bacteriana, infecção da conjuntiva, membrana que recobre a pálpebra e a esclera (parte branca do olho). A única terapia eficaz para combater a doença, destaca, é a instilação de colírio antibiótico. "Usar outro tipo de medicação pode até aliviar os sintomas, mas mascara a infecção e torna a bactéria mais resistente" afirma. Resultado: O tratamento precisa ser prolongado. Usar colírio antibiótico por muito tempo, diminui a imunidade dos olhos, predispõe à úlcera na córnea e outras infecções.
Efeitos colaterais
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As complicações não param por aí. Queiroz Neto diz que a maioria dos brasileiros tem um frasco de colírio vasoconstritor em casa que é usado para qualquer vermelhidão nos olhos. O medicamento é indicado para irritações oculares. Clareia os olhos porque contém um princípio ativo que contrai os vasos. O problema é que o uso indiscriminado pode causar olho vermelho crônico, antecipar a formação da catarata (opacificação do cristalino), induzir à hipertensão e alterações cardíacas.
Outro colírio perigoso, alerta, é o anti-inflamatório que contém corticóide. Isso porque, a administração prolongada sem acompanhamento médico pode causar catarata precoce e glaucoma, doença assintomática que é a maior causa de cegueira irreversível. O especialista esclarece que geralmente estas doenças aparecem depois de três meses de uso, mas podem ocorrer antes, dependendo da predisposição de cada pessoa, idade, outros medicamentos em uso e condições da saúde.
Mesmo o anti-inflamatório não-hormonal (sem corticóide) e a lágrima artificial não devem ser usados sem acompanhamento médico. Isso porque, explica, podem desencadear processos alérgicos, especialmente em quem tem histórico de alergia (com Eutrópia Turazzi – LDC Comunicação).