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Aprovado nos EUA

Olho biônico teve participação de médico londrinense

Rafael Fantin - Redação Bonde
27 mar 2013 às 13:06

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- Divulgação
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Após mais de 10 anos de pesquisa nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou no mês passado, a prótese intraocular, mais conhecida como olho biônico, projeto que teve a participação do médico londrinese Gildo Fujii.

Por meio de um sistema eletrônico, os pacientes com retinose pigmentar avançada podem voltar a reconhecer objetos e formas. A doença degenerativa causa cegueira de pessoas entre 20 e 50 anos. Assim, a criança nasce com visão, mas vai perdendo o sentido até a fase adulta, o que provoca uma grande frustração no paciente. "É uma doença muito cruel do ponto de vista da qualidade de vida, pois a pessoa nasce enxergando. É diferente de uma criança que nasce sem visão, aprende a viver e é feliz sem enxergar", comentou o médico, que é filho do oftalmologista Yoshihiro Fujii.

Gildo foi o primeiro médico brasileiro a participar do projeto norte americano. Ele lembra que conheceu professores do Hospital Jonhs Hopkins, de Baltimore (EUA), em congresso realizado, em 1999, durante especialização na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Em seguida, Fujii foi para os EUA, onde ficaria em estágio por seis meses no projeto do olho biônico, idealizado pelo médico Mark Humayun. "Quando eu cheguei, a prótese estava em uma fase inicial. O primeiro contato foi bem positivo e eles tiveram interesse em estender a minha permanência. Assim, o que era para ser apenas um estágio se tornou em uma especialização em retina", recordou. "O meu trabalho era desenvolver a técnica para implantação da prótese e experimentar em animais, antes das cirurgias em seres humanos", acrescentou.

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Durante sete anos nos EUA, Fujii dividiu o tempo entre pesquisas e estudos do curso de pós-graduação. Além do olho biônico, o médico de Londrina também participou do desenvolvimento da técnica de cirurgia vitrectomia, utilizada no mundo inteiro em cirurgias de retina sem a necessidade de pontos.

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Em 2001 foi realizada a primeira cirurgia em seres humanos após a equipe comprovar que a intervenção era segura. O paciente foi um senhor de idade que não enxergava há mais de 50 anos. De acordo com Fujii, o homem não tinha expectativa de voltar a enxergar, mas queria contribuir com os avanços científicos. "A gente tinha a preocupação que ele não iria enxergar, mas o paciente foi selecionado porque ele era muito generoso. Ele falava que não tinha expectativa de benefícios com a prótese, no entanto, ele queria ajudar pensando no bem das próximas gerações", lembrou.


Fujii recorda que a equipe realizou a cirurgia em Los Angeles após ser contratada pela Universidade do Sul da Califórnia (USC). "O resultado foi acima das expectativas do ponto de vista técnico e funcional. A técnica cirúrgica foi um sucesso sem complicações para o olho do paciente, que passou a reconhecer formas, letras grandes e objetos. Na verdade, a percepção é muito diferente. O paciente vê uma imagem eletrônica", avaliou. O oftalmologista informou que no início a prótese era maior e tinha 16 pontos de resolução. Com o avanço da pesquisa, o equipamento ficou menor com 60 pontos de estimulação.

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Até aprovação do projeto no início de 2013, cerca de 30 cirurgias foram realizadas nos Estados Unidos. Uma das principais preocupações da FDA era se o pulso eletrônico poderia causar danos na retina em longo prazo, o que foi descartado durante a pesquisa. A energia é gerada por meio de sinal de rádio sem utilização de fios. "Aprovação foi uma luta, pois a FDA é muito exigente no controle de qualidade e no resultado. Essa prótese trata, inicialmente, de um número relativamente pequeno de pacientes", explicou.


Tratamento custa 100 mil dólares

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O oftalmologista Gildo Fujii ressaltou que é importante conter a expectativa de pacientes de cegos, que não se qualificam para a cirurgia já que a prótese é voltada para as pessoas com retinose pigmentar em fase avançada com pouca ou sem percepção a luz. "Infelizmente, a prótese não atende todos os pacientes. Quem perdeu a visão por outros motivos como glaucoma, descolamento de retina, trauma ocular ainda não serão beneficiados por esse tipo de tecnologia", esclareceu.


Nos Estados Unidos e na Europa, o tratamento custa aproximadamente US$ 100 mil. Além da prótese, o paciente passa por uma fisioterapia ocular e treinamento com duração de um ano para utilização do aparelho, que é programado para cada paciente atendido pelo sistema. No Brasil, a nova tecnologia ainda precisa ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Essa experiência mudou a minha vida como profissional. Para toda doença pesquisada existe uma forma de tratamento. Por isso, os pacientes nunca devem perder a esperança", aconselhou Fujii.

Como funciona


A câmera fotográfica, instalada em óculos, transforma o que é captado em sinais elétricos que estimulam parte da retina em funcionamento por meio de uma placa implantada na cirurgia. A partir deste momento, a imagem segue o curso natural do nervoso ótico até o cérebro. Assim, o paciente volta a ter a percepção luminosa novamente.


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