A utilização de bebidas energéticas pelos jovens é tratada como alerta pelos médicos. A situação gera mais preocupação quando o produto é associado à ingestão de álcool e este tipo de comportamento é facilmente identificado entre aqueles que frequentam bares e boates.
De acordo com o cardiologista Ricardo Rodrigues, do Centro do Coração de Londrina, os energéticos possuem cafeína, substância que pode causar arritmia cardíaca. "Por outro lado, sabemos que o álcool também pode provocar alteração no ritmo do coração, já que é tóxico não apenas para o sistema nervoso central, mas também para o coração quando ingerido em altas doses”, explicou.
Segundo o médico, a combinação álcool e energéticos está diretamente relacionada ao aumento da pressão cardíaca. "A combinação destas bebidas pode provocar aceleração nos batimentos do coração e dores no peito (angina), que podem desencadear até um infarto e morte súbita”, alertou.
Leia mais:
Lula segue lúcido e caminha e se alimenta normalmente, diz boletim
Investigação sobre desvios em compra de vacina da Covid volta ao STF, e PGR analisa em segredo
Droga injetável contra HIV é eleita descoberta de 2024 pela revista Science
Estudo sugere que consumo de chocolate amargo está ligado à redução no risco de diabetes tipo 2
O cardiologista lembra ainda de outro agravante: quem costuma ingerir a mistura geralmente consome mais álcool do que o normal, já que o sabor do energético mascara o gosto forte do álcool. "Outro problema que deve ser levantado é o fato do energético deixar a pessoa em estado de alerta reduzindo o efeito depressivo do álcool. Isso acaba expondo o consumidor ao uso exagerado das duas substâncias”, apontou.
Rodrigues salienta que um dos problemas das bebidas energéticas é a redução da sensação de cansaço. "O cansaço é um sinal de alerta de que o corpo precisa de descanso. Quando se mascara essa sensação, obriga-se o corpo a trabalhar além do que ele suporta, e isso pode gerar problemas, já que o organismo precisa de um tempo para se recompor”, disse.
Outra situação que deve ser levada em conta é o fato de algumas pessoas terem problemas cardíacos assintomáticos e não saberem da existência da doença. "Uma pessoa pode conviver alguns anos com problemas no coração sem ter sintomas e isso pode ser agravado a partir da ingestão da mistura entre bebidas energéticas e alcoólicas”, destacou.
Dependência
O cardiologista lembrou ainda que a pessoa que consome álcool pode ficar dependente da substância e que o uso do álcool é uma porta de acesso para outras drogas. "Percebemos que os jovens têm contato com o álcool cada vez mais cedo, o consumo está mais evidente também entre as mulheres. Como é uma droga lícita e que promove a interação social, facilita o contato com outros tipos de drogas”, concluiu.