Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Polêmicas

Pacientes com Covid-19 e familiares criticam pronunciamentos de Bolsonaro

Laura Castanho - Folhapress
31 mar 2020 às 08:42
- Wilson Dias/Agência Brasil
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Pessoas que contraíram a Covid-19 e familiares de vítimas do vírus ouvidos pela reportagem foram unânimes em criticar os pronunciamentos na televisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a gravidade da pandemia.

Na terça e quarta-feira da semana passada (24 e 25), Bolsonaro minimizou a doença causada pelo coronavírus e criticou o isolamento social. No domingo (29), o presidente passeou pelo comércio do Distrito Federal, momento em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o próprio Ministério da Saúde recomendam isolamento social para evitar o contágio do novo coronavírus.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Para o advogado André de Godoy Fernandes, 50, que perdeu o pai devido a complicações causadas pela Covid-19 no dia 16 de março, ouvir o pronunciamento do presidente na noite de terça-feira foi um "desprazer".

Leia mais:

Imagem de destaque
Alerta

11 de abril é Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Parkinson: entendendo e enfrentando os desafios

Imagem de destaque
1.256 mortes pela doença

Brasil tem mais de 3 milhões de casos de dengue desde janeiro de 2024

Imagem de destaque
Ensino Superior

Brasil tem 22 graduações avaliadas entre as melhores do mundo, aponta ranking

Imagem de destaque
Fitofotodermatose

BBB 24: Dermatologista alerta para riscos do contato da pele com frutas cítricas ao sol


"Ele provou que é uma pessoa incapaz de sentir empatia e desqualificado para governar o país em uma situação de crise", disse Fernandes.

Publicidade


Seu pai, o engenheiro Antônio Luiz Fernandes, foi internado no dia 9 de março, sem os cuidados de isolamento. "Estavam começando a falar da epidemia aqui no Brasil. Minha irmã, a minha madrasta e eu acompanhamos meu pai no hospital sem nenhuma proteção. Nem os enfermeiros usavam máscaras o tempo todo", conta.


O engenheiro, que tinha 77 anos e sofria de uma doença pulmonar, morreu antes que o resultado positivo para o coronavírus chegasse. "Minha impressão é de que há um atraso de informação. Como não se testou maciçamente a população, não se sabe ao certo quantos estão contaminados. Os números que vemos são a ponta do iceberg", afirma Fernandes.

Publicidade


O advogado entende a preocupação com a economia, mas diz que o importante agora é garantir a vida das pessoas. "Infelizmente, o presidente que está aí não é capaz nem de uma coisa nem de outra."


O autônomo Francesco Palumbo, 24, considera a fala do presidente uma demonstração de despreparo. "Não tenho palavras para definir um pouco caso desses", afirmou.

Publicidade


Palumbo perdeu o avô na manhã da última quarta (25), uma semana após a manifestação dos primeiros sintomas da doença. O paciente sofreu uma parada cardíaca e teve morte súbita cerca de quatro dias após ter sido liberado do hospital onde estava internado, na zona leste de São Paulo.


"Uma postura dessas [do presidente] é lastimável diante da situação que o país e o mundo estão vivendo. A população se vê desamparada", afirmou o neto. "Isso é muito grave, e vai matar a população. Esse ser humano que está no poder está alimentando tudo isso."

Publicidade


A advogada Daniela Teixeira, 48, também repudiou as falas de Bolsonaro. Ela contraiu a doença em um evento de trabalho e foi a primeira pessoa a se curar da Covid-19 no Distrito Federal, onde mora.


"O conselho do presidente é temerário, absurdo e coloca em risco a população brasileira. Ele vai contra o que os líderes de todas as nações do mundo estão falando. Quando ele se preocupa com a economia, esquece o povo. Do que adianta ter um emprego e morrer?"

Publicidade


Teixeira teve contato com o vírus em um evento de trabalho e ressaltou a importância de fazer a quarentena para diminuir a contaminação. "Qual a necessidade de a minha filha de seis anos voltar para a escola agora? Nenhuma. Ainda que ela perca seis meses, o ano [escolar], diante de uma pandemia mundial, eu como mãe não posso deixar que ela traga o vírus para dentro de casa ou leve para fora."


Suzana, uma bióloga de 47 anos que não quis ter o seu sobrenome publicado, disse achar a fala do presidente "extremamente irresponsável".

Publicidade


"Peguei o vírus ao ficar sentada a um metro de distância de uma pessoa que não tinha sintomas, não estava tossindo. Nem encostei nela. Esse vírus é muito mais contagioso do que o presidente acha", afirmou.


A esposa de Suzana foi contaminada por tabela. Ambas estão em isolamento domiciliar e não irão ao hospital por não terem sintomas graves –até agora, elas sentiram dores na cabeça e no corpo, febre baixa e enjoo. Tiveram pouca tosse e não sentiram falta de ar.


Ambas estão confinadas desde 9 de março, quando os sintomas começaram. A esposa de Suzana sai de casa apenas para ir ao mercado e à farmácia, usando luvas de plástico e uma máscara.


A bióloga contraiu a doença de uma estudante de 22 anos durante uma reunião com ela e uma professora de 69 anos. A estudante apresentou manchas no pulmão e outros sintomas graves, e está tomando medicação antirretroviral e antibióticos. A professora, mesmo sendo mais velha, não teve nenhum sintoma até agora.

"Acho absurdo como Bolsonaro pode falar esse tipo de coisa sendo que a própria equipe dele ficou doente", disse Suzana. "Não é uma doença de velho nem uma doença de rico."


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade