Os avanços no tratamento de portadores do vírus HIV estão garantindo aos pacientes a possibilidade de viver por muito mais tempo e com qualidade. Diante da maior expectativa de vida, surge a necessidade de oferecer mais um cuidado às pessoas vivendo com o vírus: a atenção em saúde mental. Este será o tema da palestra "HIV/AIDS: aspectos clínicos e impacto na saúde mental", que a médica infectologista Ana Flávia Bonini, de Santa Catarina, proferirá no evento "Evoluir Conhecimento", uma promoção do Núcleo Evoluir voltada a estudantes e profissionais da área de saúde.
A palestra será neste sábado (13), às 13h30, no auditório do Edifício Torre de Pietra. Na manhã do mesmo dia, a psicóloga Renatha El Rafihi-Ferreira, pós-doutoranda em psicologia pela Universidade de São Paulo, profere a palestra "Sono no decorrer do desenvolvimento: alterações, prevenção e intervenção".
Ana Flávia, que atualmente faz especialização em psiquiatria, conta que desde o aparecimento dos primeiros casos de HIV no Brasil, no início da década de 80, muita coisa mudou. "O que era basicamente uma sentença de morte deu lugar a uma infecção passível de controle", afirma, destacando que o uso da terapia antirretroviral altamente ativa, no início dos anos 90, revolucionou o tratamento.
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Quem faz uso correto das medicações e acompanhamento médico adequado pode ter uma vida regular e longa. Ao receber o diagnóstico, porém, é importante que o paciente seja bem orientado para desconstruir preconceitos, estigmas e eventuais resistências ao tratamento. "É muito comum que as pessoas experimentem ansiedade e até depressão ao se depararem com o diagnóstico, que vem muitas vezes acompanhado da perda do parceiro ou da parceira e conflitos conjugais. Por isso o acompanhamento com psicólogo é um instrumento valioso para que o paciente trabalhe o ‘viver com HIV’", conta.
Ela destaca que a incidência expressiva de depressão e de transtornos ansiosos entre pacientes com HIV surgem a partir de dificuldades em lidar com o vírus, como consequência de doenças clínicas graves e limitantes e também pode ser que já existissem previamente. "Há pacientes com demências associadas a quadros avançados de Aids, mas com o tratamento potente, esses casos passaram a ser menos frequentes. São mais comuns os quadros de comprometimento cognitivo mais leve, muitas vezes não diagnosticado", destaca.
A adesão ao tratamento, que provoca aumento na imunidade e melhora a autoestima e o bem-estar, são fundamentais para garantir qualidade de vida. "Em muitos casos é necessário haver avaliação por psiquiatra e uso de medicações psicotrópicas, sempre com cautela para evitar interações medicamentosas", ensina.
Após o diagnóstico, o suporte da família e dos amigos é um aliado importante no tratamento, especialmente naqueles mais resistentes ao uso das medicações ou para pacientes clinicamente debilitados. A médica enfatiza, porém, que o preconceito ainda impede muita gente de expor a situação. "Infelizmente o preconceito é a pior doença", lamenta.
Prevenção
Ana Flavia explica que hoje em dia os especialistas usam o termo "comportamento de risco" em relação às chances de contaminação pelo HIV. As pessoas mais suscetíveis ao vírus são aquelas que não praticam sexo seguro, o que independe do grupo social, pois há alta incidência de novos casos entre os jovens e também entre homens que fazem sexo com outros homens.
"É necessário educar as pessoas desde a infância para a prevenção e o sexo seguro, para prevenir doenças sexualmente transmissíveis e também para que sejam capazes de exercer uma sexualidade saudável", afirma.
Serviço
Dia 13 de agosto
Das 8h30 às 17 horas
Auditório do Edifício Torre di Pietra (Av. Ayrton Senna, 500)
Inscrições: R$ 70,00 (estudantes) e R$ 140,00 (profissionais)
Informações: (43) 3324-4741 ou (43) 3037-0470