O Centro Hospitalar de Reabilitação, em Curitiba, já oferece tratamento odontológico para portadores de deficiência física e mental. Pacientes de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral poderão ser atendidos no hospital e contarão com a retaguarda de equipe multiprofissional, centro cirúrgico e anestesia geral.
São ofertados procedimentos clínicos, como extrações de dentes, restaurações e profilaxia dentária, mas que devem ser realizados em ambiente hospitalar por conta do perfil dos pacientes. A estrutura do centro cirúrgico permite a aplicação de anestesia geral, o que dá mais segurança aos profissionais de saúde e ao próprio paciente.
A dentista Fernanda Pavan, coordenadora do serviço no hospital, explica que a grande vantagem é a possibilidade de realizar uma série de procedimentos odontológicos em um curto período de tempo. "Atenderemos pacientes que não conseguem controlar seus impulsos. Por isso, a anestesia geral facilita o trabalho do dentista e evita possíveis acidentes durante o tratamento", afirmou.
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Apesar do atendimento ser feito em centro cirúrgico, não é necessária a internação do paciente. A recuperação é rápida e a pessoa pode ser liberada no mesmo dia.
Quem já passou por todo esse processo foi Adilson Lunardon, de 56 anos. Ele teve meningite na infância e hoje convive com sequelas motoras e mentais que dificultam o cuidado com a saúde bucal. A irmã do Adilson, Rosângela do Rocio Soares, conta que ele sofria muito com os dentes cariados e por isso foi encaminhado para o tratamento no Centro Hospitalar de Reabilitação. "Meu irmão chorava bastante por causa da dor e era difícil encontrar profissionais que atendessem ele", relatou.
Adilson foi encaminhado pelo Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente (Craid), de Curitiba, onde fez todo o acompanhamento pré-operatório, com exames e consultas. Segundo a dentista da unidade, Michelle Abboud, a maioria dos casos pode ser atendida no ambulatório do Craid, mas existem situações, como a de Adilson, em que o procedimento com anestesia geral é o mais indicado.
Estima-se que o Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente tenha cerca de 30 pacientes nesta mesma situação. Com a abertura do novo serviço no Centro Hospitalar de Reabilitação, a expectativa é que essa fila seja reduzida significativamente nos próximos meses. Nesta primeira fase, o hospital atenderá dois pacientes por semana. No futuro, o objetivo é ampliar essa capacidade para 15 pacientes por semana.
Rede
A ampliação do tratamento odontológico para deficientes é uma das estratégias da Rede de Saúde Bucal, lançada na quinta-feira (03), em Londrina, pelo secretário da Saúde, Michele Caputo Neto. O coordenador da divisão de Saúde Bucal da Secretaria Estadual de Saúde, Leo Kriger, explica que a rede vai organizar o fluxo de atendimento dos pacientes a partir da estruturação de serviços de referência em todas as regiões do Estado. "Queremos garantir assistência adequada a todas as demandas da população na área de saúde bucal", ressaltou.
Atualmente, o tratamento odontológico para deficientes está disponível no Hospital Regional do Sudoeste (Francisco Beltrão), no Zona Sul de Londrina e no Hospital Municipal de Ponta Grossa. A intenção é implantá-lo também em Maringá e Cascavel, além de mais um serviço em Londrina.
Referência
A equipe do Centro Hospitalar de Reabilitação é treinada pelo dentista Alcion Abreu Júnior, referência na área. Ele faz parte da equipe que realiza os procedimentos cirúrgicos odontológicos no Hospital Regional do Sudoeste há quatro anos. "Fomos pioneiros neste tipo de serviço e agora queremos expandir essa experiência de sucesso para todo o Paraná", disse.
Desde a implantação do serviço, mais de 700 cirurgias odontológicas já foram realizadas, com uma média de 18 a 22 procedimentos por mês. O hospital é referência para uma população de 750 mil pessoas de 42 municípios da região.