De acordo com uma estimativa da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil perde todos os anos cerca de R$ 21 bilhões por conta dos acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais, considerando os custos diretos e indiretos. No Paraná, são gastos por ano cerca de R$ 2 bilhões, segundo estimativas feitas pelo setor de Saúde e Segurança do Trabalho da Delegacia Regional do Trabalho do Paraná. Os números podem ser ainda piores, já que as estatísticas são sobre o emprego formal.
Para o chefe do setor de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) da Delegacia Regional do Trabalho do Paraná (DRT-PR), Sérgio Silveira de Barros, os dados são assustadores. "É importante ver que cerca de 4% do nosso PIB (Produto Interno Bruto) está sendo perdido por conta de acidentes e doenças ocupacionais", afirma. Segundo ele, esta é uma perda enorme para um país pobre. Esse recurso poderia ser investido em escolas, saúde ou mesmo em recuperação de rodovias. "Perder R$ 21 bilhões é economicamente inviável e socialmente vergonhoso, um desastre, uma verdadeira guerra para o país", desabafa. "Considerando o número de trabalhadores informais e a atualização monetária, não é difícil acreditar que o Brasil gaste hoje em torno de R$ 51 bilhões em acidentes e doenças ocupacionais", revela.
Barros afirma, ainda, que de 2004 para 2005 o Paraná pulou do quarto para o terceiro lugar no ranking nacional de acidentes de trabalho. "Essa ascensão pode ser decorrente da incorporação de mão-de-obra despreparada nas indústrias, da expansão no número de empregos, das mudanças do INSS com relação à documentação de acidentes de trabalho exigida das empresas e da mudança de normas na fiscalização dos acidentes", explica.
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De acordo com o pesquisador da USP, José Pastore, a cada R$ 1,00 investido em segurança e saúde do trabalhador, economiza-se R$ 4,00 com gastos em acidentes e doenças ocupacionais. Para o superintendente do VITA Curitiba, Mauricio Uhle, a prevenção é prioridade no hospital e todos os setores estão engajados num mesmo objetivo. "Não podemos pensar numa empresa só pelas máquinas. Precisamos de homens e mulheres sadios, criativos, inteligentes, felizes e com qualidade de vida", afirma.
Os hospitais do Grupo VITA em Curitiba contam com mais de 1.200 colaboradores diretos e indiretos, entre médicos, pessoal de enfermagem, administrativo e de suporte. "Entre as medidas de prevenção que adotamos nos hospitais estão: o controle de ruídos, vibrações, temperatura, radiação, umidade, contato com produtos químicos, treinamento constante de brigada de incêndio e primeiros socorros, campanhas educativas, controle de higiene, vacinação dos trabalhadores, utilização de equipamentos de segurança, manutenção dos equipamentos, eliminação adequada dos materiais tóxicos e adoção de rotinas corretas quanto ao recolhimento, transporte e processamento da roupa suja", explica o superintendente do VITA Batel, Claudio Lubascher..
Outros pontos importantes são os locais destinados ao convívio, descanso, alimentação e lazer dos funcionários e as atividades físicas, culturais e religiosas oferecidas dentro do hospital. Mas o grande destaque, em termos de prevenção e redução no número de acidentes de trabalho, é o projeto de gerenciamento de resíduos, adotado pelo VITA desde 2004. Só o VITA Curitiba - uma das unidades hospitalares do Grupo – descarta mais de 10 toneladas de lixo por mês. O hospital realiza treinamento e campanhas de orientação do manejo e destino correto dos dejetos e monitora diariamente todos os processos dos resíduos.
Dia Nacional de Prevenção de Acidentes no Trabalho
Nesta sexta-feira (27) comemora-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes no Trabalho. Para lembrar a data e conscientizar os trabalhadores, os hospitais VITA Curitiba e VITA Batel lançam uma campanha de conscientização, visando alertar os funcionários para os riscos presentes dentro do ambiente hospitalar. As informações são da assessoria de imprensa da Central Press.
A campanha inclui peças gráficas por todas as áreas dos hospitais envolvidos, além de treinamentos, palestras, consultoria individualizada e até mesmo sessões de quick massage e ginástica laboral.
Segundo a infectologista do Hospital VITA, Marta Fragoso, doenças infecto-contagiosas, dores na coluna, fadigas musculares, doenças alérgicas, exposição a produtos químicos e radiação, quedas por piso liso ou molhado e sofrimento psíquico são os riscos aos quais os profissionais da saúde estão mais expostos.
Segundo ela, a exposição acidental a sangue por picada de agulha é um dos mais comuns acidentes de trabalho na área de saúde. "A regra mais importante para prevenir o acidente com agulha é não reencapá-la, mas descartá-la em recipiente próprio, que esteja sempre à mão e nunca chegue à superlotação", adverte. Todo funcionário da área de saúde com risco de exposição acidental a sangue deve ser vacinado – é uma forma de prevenir a Hepatite B e outros vírus – exceto a Hepatite C e o HIV.
A médica ressalta ainda a importância da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI’s), como máscaras, luvas, aventais, óculos e roupas adequadas para cada ambiente e situação. "No caso de acidentes perfurocortantes com agulhas, foi demonstrado que uma única luva pode reduzir o volume de sangue injetado de 35% a 70%", explica.