Segundo um estudo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), mais de 50% da população brasileira - o que equivale a 86 milhões de pessoas - possui pelo menos um fator de risco para a Covid-19, causada pelo novo coronavírus. Os fatores de risco elevam as chances de consequências graves da doença, como a síndrome respiratória aguda grave e paradas cardiorrespiratórias.
O estudo levou em consideração os fatores de risco apontados por pesquisas iniciais sobre a doença e aqueles que foram observados mais recentemente, especialmente no que se refere ao Brasil. Grande parte das novas pesquisas tem sido desenvolvida na Europa e nos Estados Unidos.
Contudo, quais são esses fatores de risco? Além de idade avançada, diabetes, hipertensão e problemas cardíacos - fatores comumente apontados como comorbidades por órgãos nacionais e internacionais de saúde -, existem outros pontos que devem ser levados em consideração quando fala-se em Covid-19.
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Pacientes com câncer ou que passaram por tratamento da doença recentemente e pessoas com problemas nos rins também estão inclusas no grupo de risco do novo coronavírus.
Segundo Gabriel Lima Lopes, médico oncologista e professor de oncologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) - campus Londrina, pacientes com câncer - seja pela doença em si ou pelo tratamento oncológico - apresentam redução de sua capacidade imunológica para combater infecções de uma forma geral. "É por isso que pacientes com câncer têm maior risco de desenvolver complicações sérias pela infecção do novo coronavírus", aponta.
Apesar de estarem inclusos no grupo de risco, os pacientes oncológicos não devem interromper seus tratamentos por conta da pandemia de Covid-19. "A recomendação oficial para os pacientes que estão fazendo tratamento, seja com quimioterapia ou com radioterapia (de intuito curativo ou paliativo) é que não interrompam as sessões", alerta Lopes.
Por integrarem um grupo de alto risco, os pacientes oncológicos precisam estar atentos às medidas de prevenção. "Não há formas específicas de prevenção para os pacientes com câncer, já que as recomendações são as mesmas. Porém, existe uma necessidade de atenção redobrada com as medidas de distanciamento, do uso de máscaras e da lavagem de mãos", finaliza o oncologista.
Vinicius Delfino, nefrologista, professor de nefrologia da PUC - Campus Londrina e diretor científico da SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia), aponta que os pacientes de doenças renais também configuram um grupo de risco para a Covid-19. De acordo com o especialista, o censo de 2019 da SBN mostrou que hipertensão arterial, diabetes, glomerulonefrites e doenças genéticas são as principais causas de envolvimento crônico dos rins, chamada de DRC (Doença Renal Crônica).
"Pessoas com doença renal crônica, especialmente aquelas onde a função dos rins é menor que 30% ou estão passando por tratamento de diálise, apresentam, como decorrência da falta de eliminação adequada de toxina pelos rins, deficiência de suas defesas contra microrganismos, incluindo os vírus. É por essa razão que esses pacientes estão mais sujeitos a apresentar formas mais graves de infecção pelo novo coronavírus", explica Delfino.
Além disso, pessoas que nasceram com deformações renais ou com apenas um rim também devem ficar atentas. "Essas alterações estão presentes ao nascimento e geralmente são diagnosticadas na infância. Se as deformidades renais não causarem aumento da creatinina no sangue (indicativo de função renal comprometida), não há risco aumentado de infecção grave pela Covid-19. Entretanto, se houver aumento da creatinina, os pacientes são considerados grupo de risco", alerta.
Assim como os pacientes oncológicos, pessoas com doenças e deformidades renais precisam estar ainda mais atentos às medidas de prevenção. Contudo, Delfino explica que pacientes que possuem DRC precisam ficar atentos às causas da doença. "Se a causa da DRC for diabetes, por exemplo, o controle firme do açúcar no sangue reduz o risco de doença severa pela Covid-19", finaliza o nefrologista.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.