No mundo todo, cerca de 10% dos medicamentos vendidos são falsos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O mercado de remédios falsos movimenta cerca de US$ 75 bilhões anualmente. E esse valor cresceu perto de 90% entre 2005 e 2010. A entidade acredita também que, a cada ano, o uso de medicamentos falsificados pode ser apontado como fator determinante para o óbito de, aproximadamente, 1 milhão de pessoas em todo o mundo.
A internet é considerada um dos principais meios de acesso a remédios falsificados. No ano passado, o Ministério da Saúde realizou um levantamento que contabilizou a existência de 1,2 mil sites ilegais de venda de remédios no país. Inibidores de apetite, psicotrópicos e até substâncias abortivas podem ser facilmente adquiridos com alguns cliques na rede. Mas, por causa de preços mais baixos e pela falta de consciência para os riscos dessa prática, muitos incautos acabam mergulhando numa aventura perigosa.
Para Rodrigo Bacellar, diretor da PBMA – Associação Brasileira das Empresas Operadoras de PBM (Programa de Benefício em Medicamentos) –, a falta de recursos para comprar medicamentos de boa procedência é um dos principais motivos dessa prática perigosa. "Muitos vão ao médico, realizam os exames recomendados e até iniciam corretamente o tratamento medicamentoso que lhe foi prescrito. Mas, no meio do caminho, não conseguem dar continuidade porque acaba o dinheiro e, então, sem saber, acabam vítimas dos falsificados", diz Bacellar.
Leia mais:
Vacinas contra covid-19 serão enviadas aos estados até esta terça
Brasil mantém tendência de aumento de cobertura vacinal infantil, diz ministério
Famílias que ganham até R$ 1.200 por mês usam 82% dos recursos aplicados no SUS
Novo plano para combater câncer de colo do útero tem foco em rastreio e vacina
Criar ou oferecer melhores condições de acesso a medicamentos é um dos caminhos para se combater o comércio ilegal de remédios e garantir mais segurança e cuidado à saúde da população, defende o especialista, que sugere o PBM como um meio para isso. "Nos Estados Unidos e em outros países mais desenvolvidos, este programa já é muito comum. Hoje, mais de 250 milhões de americanos tem remédios subsidiados pelas empresas onde trabalham", diz o diretor da PBMA.
No Brasil, este número é ainda muito inferior, mas com a difusão do conceito e a adesão de grandes empresas (Oi, Nestlé, Petrobras e Unilever são alguns exemplos de companhias brasileiras que já aderiram ao PBM), ele aposta que haverá um grande avanço nos próximos anos. "Acreditamos que, nos próximos cinco anos, este número ultrapasse em muito os 2,5 milhões beneficiários, atuais, chegando a cerca de 20 milhões", diz o diretor da PBMA.
A empresa pode oferecer esse benefício aos seus funcionários de duas maneiras: desconto em folha (o crédito oferecido pela empresa para a compra do remédio é deduzido do salário do funcionário); ou subsídio (a empresa arca com o valor total ou parcial dos medicamentos). Atualmente, a primeira opção é a mais utilizada pelas empresas – cerca de 80%, de acordo com o diretor da PBMA. No caso de subsídio, a ajuda dada pelas empresas pode chegar a até 100% do valor do remédio.