Para marcar o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançou nesta quarta-feira (22), em Brasília, a nova Campanha de Doação de Leite. Na cerimônia, que contou com as presenças do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e da ministra da Cultura, Marta Suplicy, foram anunciados R$ 11,6 milhões para o reajuste de procedimentos realizados pelos Bancos de Leite, além da reforma e construção de unidades. A meta é aumentar em 15% o total de leite materno coletado e distribuído no país. Em 2012, houve 179 mil doadoras, que beneficiaram 171 mil recém-nascidos. Foram coletados, no período, 166 mil litros de leite.
A doação de leite materno contribui para a redução da mortalidade neonatal, problema que o Brasil vem enfrentando e superando ao longo dos últimos anos. A taxa de mortalidade infantil foi reduzida de 26,6 óbitos infantis por mil nascimentos em 2000 para 16,2 óbitos por mil nascimentos em 2010. O aumento do investimento na coleta, processamento e distribuição do leite materno e a expansão dos serviços integram a Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde voltado à assistência de mães e bebês. A campanha de incentivo à doação é uma parceria com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e o Programa Iberoamericano de Bancos de Leite Humano.
"O Brasil tem títulos de referência na área da saúde, como o calendário de vacinas, além de ser recordista de transplantes gratuitos no mundo e ter uma das maiores redes de banco de leite humano. Hoje, são mais de 300 bancos e postos de coleta no país e, com estes novos recursos, poderemos assumir o compromisso de reformar e ampliar outras unidades e de garantir apoio e fortalecimento desse trabalho", ressaltou Padilha. "A campanha reforça a importância do aleitamento materno e da doação. Sabemos que o afeto e o carinho construídos com a amamentação no início da vida são decisivos para a formação do ser humano".
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Do valor total anunciado na cerimônia, R$ 7 milhões referem-se somente ao reajuste de procedimentos. O valor destinado à coleta, processos de pasteurização e controle de qualidade do leite materno será mais que quadruplicado – até então, o repasse anual do Ministério da Saúde era de R$ 1,7 milhão por ano. Há também a inclusão de novos procedimentos para aumentar a qualidade do processamento do leite coletado, como exames para determinar o conteúdo energético, para identificar o nível de acidez do leite e teste para confirmar a presença de microorganismos do grupo coliforme em amostras do leite humano pasteurizado.
REDE CEGONHA – O governador do Distrito Federal destacou especialmente o trabalho realizado pelos bancos de leite no Distrito Federal, que também contam com apoio do Corpo de Bombeiros. Os bombeiros vão até as casas das doadoras de leite humano para coletar o material. Queiroz lembrou, ainda, que em Taguatinga, no Distrito Federal, foi inaugurado no ano passado um banco de leite que já é uma referência. Nel, já foram coletados 17 mil litros de leite e atendidas 12 mil crianças. "Esses dados mostram a importância da ação, que ganha força a cada dia, especialmente com a campanha. Doar leite é um gesto de solidariedade em defesa da vida", afirmou.
Serão investidos, ainda, R$ 3,9 milhões para a reforma de 53 bancos de leite e R$ 746 mil para construção de mais cinco unidades até o final deste ano, com recursos da Rede Cegonha. Criada em 2011, a Rede Cegonha tem por objetivo intensificar e qualificar a assistência integral à saúde de mães e filhos, desde o planejamento reprodutivo, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, pós-parto, até o segundo ano de vida do filho. A abertura do edital para apresentação de propostas pelos municípios para as obras, tanto de reforma quanto de construção, está prevista para o início do segundo semestre.
CAMPANHA – Com duração prevista até maio de 2014, a campanha deste ano tem como protagonista uma das doadoras mais antigas registradas pela Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano e o receptor da doação. Há 42 anos, dona Ilza Pereira da Silva doava ao banco de leite do Instituto Fernandes Figueira (Fiocruz), do Rio de Janeiro, onde um dos beneficiados era o hoje produtor musical João Marcello Bôscoli. Filho da cantora Elis Regina com Ronaldo Bôscoli, João Marcello nasceu prematuro e sobreviveu graças às doações. Na cerimônia, João Marcello inclusive lembrou que na época a mãe, já famosa, foi às emissoras de rádio pedir doações de leite humano para o filho.
"Quando doei meu leite nunca imaginei que receberia esta homenagem. Espero que, como eu, muitas mães possam doar, que é um ato de carinho e vida", reforçou dona Ilza, emocionando o público presente. Outra personalidade importante na mobilização é a atriz e apresentadora Maria Paula, que recebeu o título de Embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. O título é um reconhecimento ao seu engajamento na causa. "Com mais de 20 anos de carreira, esta é a maior honra que eu poderia receber. Nada é mais autosustentável que uma mãe que amamenta, e o Brasil valoriza e apoia essa iniciativa, oferecendo também ajuda às mães e bebês que precisam", afirmou.
A campanha já começou a ser divulgada em folders, cartazes e anúncios em revistas, além de ampla divulgação na Fan Page Aleitamento Materno, no perfil do Twitter @minsaude e no canal da Saúde no Youtube. Além disso, haverá mobilização no perfil do Instagram para que usuários sejam incentivados a enviar fotos de doação de leite para simbolizar a iniciativa do Ministério da Saúde.
DOAÇÕES NO BRASIL – O Brasil possui a maior e mais complexa rede de Banco de Leite do mundo, que conta hoje com 210 Bancos de Leite e 117 postos de coleta. O modelo brasileiro do Banco de Leite Humano é referência internacional. O Brasil já exporta as técnicas de baixo custo para implantar bancos de leite humano a 23 países na América Latina, Caribe hispânico, Península Ibérica e África.
A linha de atuação da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano é voltada à assistência de mulheres em processo de amamentação a partir do desenvolvimento de tecnologias moderadas, de baixo custo e com padrão de excelência em qualidade. Apenas em 2012, mais de 2 milhões de mulheres foram assistidas pela rede no Brasil.
COMO FUNCIONA – Toda mãe que amamenta é uma possível doadora de leite humano. O leite doado é analisado, pasteurizado e submetido a rigoroso controle de qualidade pelos Bancos de Leite antes de sua distribuição aos lactentes internados nas unidades neonatais impossibilitados de receber o leite da mãe. Para doar, basta entrar em contato com o banco de leite mais próximo da cidade ou ligar no Disque Saúde 136.