O Paraná é um dos Estados brasileiros com maior infraestrutura privada de saúde, sendo que a oferta de equipamentos de diagnóstico em saúde supera a de países como França, Austrália e Reino Unido. A oferta de mamógrafos na rede privada de saúde do Paraná, por exemplo, é de 1,73 equipamento para cada 100 mil habitantes. A taxa é quatro vezes superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde, de apenas 0,42 para cada 100 mil, e supera, inclusive, a oferta deste aparelho em países desenvolvidos como Canadá e Reino Unido, onde há 1,63 e 0,88 aparelho para cada 100 mil habitantes, respectivamente.
A constatação está no estudo "PIB estadual e Saúde: riqueza regional relacionada à disponibilidade de equipamentos e serviços de saúde para o setor de saúde suplementar", produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), disponível em www.iess.org.br.
O Estudo do IESS mostra, também, que a oferta do tomógrafos computadorizados no sistema privado paranaense é de 1,47 para cada 100 mil habitantes. No Reino Unido, considerando todo o sistema de saúde (público e privado), existe 0,89 tomógrafos computadorizados para cada 100 mil habitantes, ao passo que, na França, a oferta é de 1,25. Outro descasamento entre a oferta e a recomendação do Ministério da Saúde está na quantidade de equipamentos de ressonância magnética. O governo federal sugere a disponibilidade de 0,20 equipamentos a cada 100 mil habitantes mas, no Paraná, a proporção é de 0,65, ou seja, mais de três vezes acima da recomendação.
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Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS, ressalta que, com base em dados do Datasus, o setor privado detém, hoje, mais de 62% dos equipamentos de saúde de alta complexidade do País e 84% dos procedimentos de alta complexidade são realizados nas redes privadas. Em muitos Estados os equipamentos privados também são utilizados para o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). "A elevada oferta desses equipamentos no setor privado paranaense atende, também, o setor público, mas é preciso analisar se o número de equipamentos privados acima do necessário não está exagerado e até onerando demais a cadeia da saúde, o que pode comprometer a sustentabilidade do setor", questiona.
O estudo lembra que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população que utiliza equipamentos privados de saúde é composta em 90% por beneficiários de planos de saúde (aproximadamente 25% da população). Com exceção dos equipamentos de mamografia, destaca o estudo, os demais cresceram em ritmo superior ao número de beneficiários em todos os Estados, que são os principais usuários de equipamentos privados de saúde.