Mais de 80 profissionais da área de reabilitação do Estado e de municípios da 1ª, 2ª e 3ª Regionais de Saúde participam nesta segunda e terça-feira (13 e 14) da capacitação em estimulação precoce voltada ao desenvolvimento infantil. O objetivo é facilitar a detecção e incentivar o tratamento imediato de crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.
Durante a abertura do encontro, em Curitiba, o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, destacou a importância deste trabalho para o crescimento saudável das crianças. "Esta é uma estratégia essencial para garantir mais qualidade de vida aos pequenos. Uma ação que integra as políticas da Rede Mãe Paranaense, modelo para o país na atenção materno-infantil", diz ele.
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O tema ganhou mais destaque no cenário nacional com a ocorrência frequente de casos de microcefalia. "Embora não tenhamos casos de má formação associados ao zika no Paraná, existem outras doenças neurológicas ou infecções congênitas que causam atrasos no desenvolvimento de crianças desde o nascimento", explica o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.
A coordenadora da Divisão de Saúde da Pessoa com Deficiência, Raquel Bampi, fala que a estimulação deve ser feita o mais breve possível, já nas primeiras semanas de vida do bebê. "Essas crianças precisam ser estimuladas desde o nascimento até o 3º ano de vida. O tratamento nesse período é primordial para diminuir o agravo dessa infecção, garantir um melhor desenvolvimento e um futuro mais próximo da normalidade", afirma.
O atendimento envolve o trabalho de profissionais como médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais que realizam sessões com exercícios físicos, práticas motoras e estimulação neurológica. O serviço é oferecido no Paraná em algumas unidades de saúde, centros de especialidade e outros pontos habilitados pelo Estado.
Exemplo
Na 17ª Regional de Saúde, região de Londrina, o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar), em parceria com o Espaço Escuta, já oferece esse tipo de atendimento há quatro anos no Centro Mãe Paranaense e também em unidades de saúde. Neste período, o Consórcio já promoveu mais de 23 mil sessões de estimulação precoce.
A diretora de Programação e Regulação do Cismepar, Silvia Karla Andrade, fala sobre os resultados da utilização do método. "Nossas crianças chegavam com diagnóstico tardio, grandes atrasos no desenvolvimento, dificuldade de adaptação e acabavam sendo direcionadas a escolas especiais. Hoje recebemos bebês com 10 dias de vida e, dessa maneira, mesmo quadros graves têm prognósticos positivos", conta.
"Além dos benefícios pontuais para cada uma das crianças que passaram pelo tratamento, a estratégia favorece toda a população. Isso é um passo para a modificação do cenário da nossa sociedade. Com crianças adaptadas aos seus ambientes de convívio familiar e inseridas na sociedade, frequentando escolas regulares e levando uma vida saudável", acrescenta Silvia.
Educação
O Cismepar também é responsável por atividades de ação educativa. Desde o início do projeto, em 2013, já foram responsáveis pela capacitação e formação de 580 profissionais da atenção primária e 750 profissionais da educação, que trabalham nos centros municipais de educação infantil dos 21 municípios da 17ª Regional de Saúde.
Para Caputo Neto, a educação permanente dos profissionais que atuam na área de estimulação precoce tem impacto direto no sucesso do tratamento das crianças. "Queremos oferecer o que há de melhor aos pacientes. Por isso, não basta investirmos apenas em estruturas e garantirmos recursos de custeio. É preciso também valorizar as equipes e dar condições para que eles desempenhem bem suas funções", declara.