As direções dos hospitais de Londrina foram surpreendidas ontem pela notícia de que o Município reconhece apenas pouco mais de R$ 358 mil de uma dívida que ultrapassaria os R$ 23,4 milhões em atendimentos realizados acima do teto contratual. Os números foram divulgados na audiência pública realizada na Câmara Municipal e que discutiu o financiamento do sistema público de saúde municipal. Caso as partes não se acertem, quem corre o risco de pagar a conta é, novamente, a população. Os hospitais avisaram que poderão recusar pacientes ou até parar de atender. Todo mês, a saúde em Londrina trabalha com um déficit da ordem de R$ 4,3 milhões.
No início do debate, o prefeito Barbosa Neto afirmou que as ''graves irregularidades apuradas'' pela auditoria iniciada em julho de 2009 poderiam gerar investigações pelo Ministério Público. Mas a discussão girou em torno da dívida do Município com os hospitais. O Hospital Universitário alega que teria mais de R$ 7,7 milhões a receber e a Prefeitura reconhece R$ 358 mil. A Irmandade Santa Casa (Iscal) seria credora de R$ 12,6 milhões, no entanto o Município admite pagar R$ 98,32. O Evangélico cobra R$ 3,1 milhões, mas o valor reconhecido soma R$ 2,09.
A gerente da Diretoria de Auditoria, Controle e Avaliação da Autarquia Municipal de Saúde, Vânia Brum, disse ter encontrado inconformidades, como por exemplo médicos listados em um mesmo plantão em mais de um hospital, mas não explicou a razão de tamanha diferença entre o que cobram os hospitais e o que reconhece o Município.