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Em São Paulo

Só 9,8% dos hospitais privados de SP têm estoque adequado de sedativos

Claudia Colucci/Folhapress
23 jul 2020 às 10:33
- Geraldo Bubniak/AEN
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Apenas 9,8% dos hospitais privados do estado de São Paulo que atendem pacientes graves de Covid-19 têm estoque de sedativos e relaxantes musculares para mais de um mês.

No restante, a reserva acaba nas próximas semanas: 56% deles dizem que só têm remédios para 15 dias. A falta dessas drogas atinge hoje 96% das instituições entrevistadas.

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Os resultados são de pesquisa do Iepas (Instituto de Ensino e Pesquisa da Área de Saúde), com apoio de três associações hospitalares paulistas, e corroboram situação para a qual outras entidades já alertaram: o desabastecimento é grave e afeta hospitais públicos e privados em todo o país.

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A falta ou o baixo estoque dos remédios tem levado hospitais públicos e filantrópicos a suspender exames e cirurgias na tentativa de assegurar o que resta aos pacientes graves de Covid-19 e a emergências. Em alguns casos, falta até para esses doentes, que precisam ser transferidos.

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De acordo com o levantamento do Iepas, os hospitais se queixam, principalmente, da falta do fentanil injetável (63,6%), opioide para controle da dor e usado na anestesia, do bloqueador neuromuscular atracúrio (59%), e do relaxante muscular rocurônio (55%), entre outros.


A pesquisa envolveu amostra representativa de 69 hospitais, quase metade das instituições de médio porte que atendem pacientes com Covid-19 na rede privada paulista.

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Os gestores dizem que entre os motivos alegados pelo mercado farmacêutico para o desabastecimento estão aumento da demanda (73%), problemas na importação de matéria-prima (40,6%), falta de estoque (31%) e limitação de produção (22%).


"Muita gente precisou dessas drogas para tratar a Covid-19 e passou a ter falta no mundo todo. Temos dependência muito grande do mercado internacional. Ficamos sem as fontes tradicionais [Índia e China], e os que produzem no Brasil não estão dando conta", afirma Francisco Balestrin, presidente do Sindhosp (sindicato paulista dos hospitais e laboratórios privados).

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As instituições também enfrentam aumento expressivo dos preços dos medicamentos. A pesquisa aponta variações entre 20% e 1.000%. A maioria (54%) relata compras com reajustes entre 100% e 500%.


Uma outra análise da Anahp (Associação Nacional dos Hospitais Privados) constatou aumento em 91% do preço cobrado pelo relaxante rocurônio. Já o sedativo midazolam teve alta de 287,44%, de acordo com fornecedores.

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Esses medicamentos, respectivamente, estão em falta em 96% e 76% dos hospitais públicos referência para Covid, segundo relatório do Conass (conselho de secretários estaduais de saúde).


Francisco Balestrin afirma que, além do aumentos abusivos, muitos fornecedores estão impondo venda casada, ou seja, só vendem os medicamentos se o hospital comprar outros produtos, como testes diagnósticos para a Covid-19.

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Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma (Sindicato da Indústria Farmacêutica do Estado de São Paulo) diz que um dos principais motivos do desabastecimento foi o aumento repentino da demanda pelos medicamentos durante a pandemia, com muitos pacientes precisando de UTIs.


"Antes, tínhamos perto de 3.000 leitos de UTI, com pacientes [cirúrgicos] que usavam anestésicos três, cinco horas por dia. De repente, são 12 mil leitos de UTI, com pacientes usando 24 horas por dia, durante 20 dias [tempo médio de internação do paciente com Covid]."

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Segundo ele, farmacêuticas relatam que dobraram a produção (algumas quintuplicaram), mas alguns produtos injetáveis têm um processo mais complexo de produção.


Outra situação observada, relata, foi que muitas instituições, quando souberam que poderia haver falta dos produtos no mercado, compraram grandes estoques, o que também agravou a falta.


Sobre a reclamação dos preços abusivos, ele diz que alguns remédios eram vendidos com grandes descontos, com preços bem abaixo dos permitidos pelo órgão regulador do mercado de medicamentos (CMED).


Ele reforça, no entanto, que se alguma farmacêutica ou distribuidor estiver vendendo com preços acima dos permitidos pela legislação, deve ser denunciada.


No SUS, as secretarias de Saúde, gestoras dos hospitais, estão se virando como podem, segundo Heber Dobis Bernarde, assessor técnico do Conass.


"Elas têm pego emprestado de outros hospitais, recebem algumas doações. Tem chegado um pouco também via Ministério da Saúde. Coisa de 15 mil ampolas quando o consumo é de 1 milhão", conta.


Em nota, o Ministério da Saúde diz que está auxiliando estados e municípios que não têm conseguido realizar compras de relaxantes musculares e sedativos. De forma imediata, diz o comunicado, o governo federal adquiriu e entregou 862,5 mil unidades da indústria nacional e 54.867 unidades de laboratórios uruguaios.


Dois processos de compra, ainda, estão em andamento. "Um deles atenderá as demandas de todos os gestores estados e capitais", afirma a nota.

Outra compra deve ocorrer por meio da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), que fará a aquisição de produtos no mercado internacional, segundo o ministério.


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