Reunir os amigos e comemorar uma noite agradável em uma balada é rotina para muita gente, sobretudo no período das férias ou momentos que antecedem o Carnaval, por exemplo. Outra opção são os bares com música ao vivo que atraem cada vez mais público, independente do estilo musical. Embora o clima festivo anime e satisfaça os clientes do estabelecimento, são os funcionários que trabalham diariamente expostos à música alta ininterrupta em boates e bares os mais suscetíveis a contrair um quadro de surdez progressiva e irreversível, segundo o otorrinolaringologista do Hospital Paulista, Dr. Ricardo Dorigueto.
Os mais envolvidos e propícios aos problemas auditivos são os garçons, os DJ´s e os barman, pois o ruído contínuo aliado à quantidade de horas em exposição ao som alto provoca a perda de audição gradativa em um processo conhecido como Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR). Outra maneira de perder a audição ocorre de modo abrupto, ocasionado pelo trauma sonoro agudo imediato. Ainda que não existam estatísticas no Brasil sobre este tipo de ocorrência, especialistas afirmam que esses profissionais ficarão surdos se não reduzirem o tempo de exposição contínua.
Mesmo com o alerta da surdez, uma das maiores dificuldades encontradas nesses casos é que os indivíduos, muitas vezes, não percebem os sintomas da diminuição auditiva, dificultando o diagnóstico precoce. As preocupações iniciais geralmente estão relacionadas às queixas de zumbido, sensação de orelha tapada, dores de cabeça e a inevitável perda da audição. Como consequência, o paciente corre o risco de enfrentar problemas de origem psicológica, como a dificuldade de interação social, crises depressivas e isolamento.
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O especialista revela que são estabelecidos dois critérios para a análise dos riscos da perda auditiva. O primeiro refere-se à intensidade sonora e o segundo à sua duração. "Um trabalhador não deve ser exposto a uma carga sonora maior que 80 decibéis por um período maior que oito horas diárias. Já para alguns valores maiores como 98 decibéis, a tolerância permitida é de pouco menos de 10 minutos diários". No entanto, o otorrinolaringologista afirma que esses profissionais ultrapassam o limite considerado aceitável, resultando no aumento dos casos.
Previna-se contra a surdez
Ainda que o ensurdecimento gradual seja uma real possibilidade aos trabalhadores da noite, não há razão para alarde. A identificação do fator de risco é a principal maneira de reduzir o problema e mesmo que o indivíduo não apresente o menor dos sinais, é preciso realizar exames audiológicos periódicos, como a audiometria, que identificam de maneira simples e eficaz a raiz do problema.
O Dr. Ricardo Dorigueto recomenda também a utilização de protetores de orelha, chamados de EPI. Se o quadro de surdez é irreversível, o paciente deve ser afastado do ambiente ruidoso, além de usar os aparelhos. Contudo, segundo o especialista, a melhor forma de evitar a doença é a prevenção. "Deve haver uma conscientização do paciente de que não se pode ficar exposto a ruídos intensos ou contínuos sem a devida proteção", conclui.