A doença ocular que mais cresce no Brasil em decorrência do envelhecimento da população é a catarata, que consiste na opacificação do cristalino do olho. Apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa global de cegueira tratável, a doença tem prevalência crescente no Brasil devido ao rápido envelhecimento da população.
De acordo com um levantamento realizado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto nos prontuários do Instituto Penido Burnier, de um total de 1,1 pacientes com idade de 60 a 75 anos e com indicação para operar catarata, 38% também têm astigmatismo. O médico explica que isso acontece por causa do maior peso das pálpebras conforme se envelhece somado, também, a pequenos traumas no decorrer da vida causados pelo hábito de coçar os olhos e aumento dos processos inflamatórios.
Mais precisão - A boa notícia é que a cirurgia, único tratamento efetivo para catarata, vem ganhando cada vez mais precisão. Segundo o oftalmologista Neto, a cirurgia de catarata corrige a visão para todas as distâncias de quem tem astigmatismo com o implante de lentes multifocais tóricas.
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"Hoje, a cirurgia também conta com um sistema que permite a portabilidade dos dados do pré-operatório para os equipamentos do centro cirúrgico”, salienta. Os resultados das cirurgias feitas com esta tecnologia superaram as expectativas dos pacientes. "Um dia após a operação, todos apresentam visão completamente nítida e conseguem ler as minúsculas letras de bulas sem óculos, inclusive uma paciente que antes da cirurgia tinha um astigmatismo bastante importante", conta o especialista.
Como funciona - Neto explica que isso acontece porque o sistema faz uma verdadeira impressão digital do olho que inclui medidas da curvatura, espessura e superfície da córnea, tamanho da pupila, além de uma imagem do globo ocular com características da íris (parte colorida do olho) e vasos sanguíneos. que influem na visão.
O envelhecimento, afirma o médico, aumenta as aberrações ópticas, imperfeições que interferem na visão, independente do grau. Por isso, o pré-operatório também inclui a aberrometria ou análise de frente de onda que faz o diagnóstico dessas imperfeições.
O oftalmologista ressalta que o exame é importante na escolha do tipo de lente a ser implantado, isso porque o exame guia o cirurgião durante o procedimento. Todas estas informações são transferidas digitalmente para o microscópio no centro cirúrgico, auxiliando na centragem e posicionamento da lente intraocular.
Compatibilidade - A boa notícia é que esta tecnologia é compatível não só com o equipamento utilizado na cirurgia de catarata a laser, como com os microscópios utilizados nas cirurgias de catarata por facoemulsifição e cortes manuais que ainda predominam no país. Por isso, o procedimento é acessível a um grande número de brasileiros.
Para o especialista, o mais importante deste sistema é permitir a centragem precisa da lente intraocular. Isso porque a descentração induz às imperfeições ópticas que impedem a adaptação às lentes multifocais.
Catarata associada a outras doenças - O oftalmologista ressalta que esse sistema também pode ser usado em conjunto com um equipamento capaz de medir a resistência e elasticidade da córnea através de um impulso de ar. O exame é indicado para quem tem glaucoma ou doenças na córnea. Isso porque, nestes casos, a córnea pode perder a resistência e sofrer dilatação, o que interfere na qualidade da visão após a cirurgia de catarata.
Inovações - O oftalmologista afirma que, recentemente, novos modelos de lentes intraoculares, inclusive tóricas para correção de astigmatismo, foram lançados em Paris durante o 37º Congresso da Sociedade Europeia de Catarata e Cirurgia Refrativa.
Outra novidade é um laser de femtosegundo que faz dispensa o uso do ultrassom para fragmentar a catarata durante a cirurgia. "Por isso, preserva as células do endotélio, camada interna da córnea, que são perdidas durante a exposição do olho ao calor do ultrassom”, salienta.
A grande revolução fica por conta de uma tecnologia que é usada com o laser para alterar o poder refrativo da lente intraocular. A expectativa é de que até 2020 essas novidades cheguem ao país, finaliza o médico.