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Um em cada cinco jovens tem problemas de colesterol

Redação Bonde com Assessoria de Imprensa
08 jun 2022 às 14:55

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- Pixabay
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A falta de atividade física e dietas pobres em nutrientes e ricas em gorduras saturadas podem promover uma verdadeira epidemia de colesterol alto (dislipidemia) na infância e na adolescência. Dados observacionais do estudo NHANES (The National Health and Nutrition Examination Survey), estimaram prevalência de 7,8% de aumento de colesterol total em crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos. Nesta análise, aproximadamente uma em cada cinco crianças e adolescentes entre 8-17 anos apresentava alguma alteração lipídica (colesterol total, HDL-C, ou não-HDL-C).

 

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O estudo brasileiro ERICA (Study of Cardiovascular Risks in Adolescents) avaliou dados de adolescentes brasileiros com idade entre 12 e 17 anos. As alterações lipídicas foram definidas como LDL-C ≥ 100 mg/dL, HDL-C < 45 mg/dL, e triglicérides (TG) ≥ 100 mg/dL. De um total de 38.069 adolescentes incluídos, mais de 24 mil registravam pelo menos um valor anormal do perfil lipídico (64,7%) e 3,7% tinham alterações nos três parâmetros. A combinação de desordens lipídicas mais prevalentes foi a presença de triglicérides elevado e HDL-C baixo. Como esperado, quanto mais elevado o índice de massa corpórea dos adolescentes, maior a prevalência de desordens lipídicas combinadas.

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O LDL é responsável pela formação de placas de gorduras – nas artérias, dificultando o fluxo do sangue e aumentando o risco de infartos e AVCs. Já o HDL previne as doenças cardiovasculares (DCVs), reduzindo o acúmulo de placas. A população do país é composta por 70 milhões de crianças e jovens, o que representa 33% dos brasileiros.

 

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A obesidade, a hipertensão arterial, o sedentarismo e o tabagismo estão entre os fatores de risco para a instalação da doença aterosclerótica – que é o acúmulo de placas de colesterol nas paredes das artérias. Ela causa obstrução do fluxo sanguíneo e cria um cenário ideal para as DCVs. O desenvolvimento de fatores de risco cardiovasculares  e de doenças metabólicas na infância resultam em perda de saúde cardiovascular até a vida adulta, em conjunto com ganho de peso e obesidade.

 

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E o número de pessoas entre 2 e 19 anos com sobrepeso aumentou nas últimas quatro décadas: dados norte-americanos, na década passada, indicam que 17% de indivíduos nesta faixa etária são obesos e 15% apresentam sobrepeso. Jovens com obesidade tem perfis lipídicos significativamente piores (colesterol total, LDL-c e triglicérides mais elevados e HDL-c mais baixo), valores maiores de pressão arterial (PA), glicose e concentrações de insulina do que seus pares não obesos.

 

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“Se antes as dislipidemias em crianças eram decorrentes principalmente das causas genéticas como a Hipercolesterolemia Familiar (que é a alteração genética caracterizada por aumento do colesterol às custas do LDL-c, além de ser a mais frequente e se associar a risco elevado de eventos cardiovasculares no adulto), a deterioração de hábitos dietéticos, sedentarismo e a crescente obesidade nesta fase da vida, são fatores determinantes para o aumento do risco metabólico, caracterizado por níveis de triglicérides elevados e HDL-c baixo”, diz a cardiologista Ana Paula Marte Chacra, que apresentará palestra sobre aterosclerose em crianças e adolescentes no 42º Congresso de Cardiologia da SOCESP, que acontece nos dias 16, 17 e 18 de junho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. “Trata-se de um assunto de extrema relevância porque observamos um aumento significativo de casos de dislipidemias nos consultórios pediátricos.”


Futuro

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A preocupação com o tema se justifica: uma pesquisa do Centro de Estudos norte americano Bogalusa Heart Study mostrou que cerca de 50% das crianças com valores lipídicos anormais mantêm a anomalia na vida adulta. “Boa parte das dislipidemias iniciam-se na infância ou adolescência e, por isso é importante a identificação seguida de manejo precoces para reduzir riscos cardiovasculares futuros nestes indivíduos.”

 

Segundo a cardiologista, em primeiro lugar, é importante identificar dislipidemias graves, que requerem o uso de fármacos. "Estudo recente demonstrou que a estatina, tomada quando necessária desde a infância, associou-se à redução da progressão da aterosclerose em crianças com hipercolesterolemia familiar", diz Ana Paula.


Mas na grande maioria dos casos - seja de colesterol aumentado, seja de trigliceríades elevados neste grupo etário - é possível fazer a regulação dos índices por meio de hábitos saudáveis de vida, incluindo dieta e atividade física. "Trata-se do remédio mais barato, mais eficaz e sem contraindicações para, verdadeiramente, cortar o mal pela raiz", conclui a cardiologista.

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