Para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto), o Governo do Paraná lançou nesta semana a campanha Quando Fumar Não Mata. Usando o slogan "Antes de acender o próximo cigarro, assista a este vídeo!", a campanha conta a história do curitibano João Cândido, que teve as cordas vocais retiradas em decorrência de um câncer na laringe descoberto 14 anos após largar o cigarro. Assista AQUI ao vídeo.
"O efeito nocivo do cigarro é de conhecimento de todos. No entanto, ainda convivemos com um grande número de pessoas que têm dificuldade em deixar de fumar, apesar de saber dos riscos à saúde que o hábito traz", diz o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto. Para ele, a campanha é um alerta para aqueles que ainda relutam em abandonar a dependência do cigarro.
O tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo – mais de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao uso do tabaco. Atualmente, são conhecidas 56 doenças relacionadas ao tabagismo. O Paraná foi pioneiro na luta contra o cigarro e há mais de 35 anos trabalha na criação de leis para proteger cidadãos que não fumam e em campanhas de conscientização sobre a dependência.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
Personagem
João Cândido fumou por mais de 20 anos e parou quando a primeira filha nasceu. Pai, marido e avô, hoje em dia, só consegue falar através de uma laringe eletrônica. Era esse o personagem que o criador da campanha, Tiago Stachon da agência OpusMúltipla, passou mais de dois meses buscando.
"A ideia era criativa, mas precisávamos de um protagonista real, pois a aderência não seria a mesma se utilizássemos um ator. A gente entende que a comunicação também deve ser um serviço para a população. Por isso, nos empenhamos na realização deste vídeo", comenta Stachon. A produção do filme ficou por conta da The Youth.
O protagonista disponibilizou seu tempo e imagem para a campanha com a intenção de causar reflexão nas pessoas. "Sei que o cigarro traz algum tipo de recompensa emocional, mas gostaria que os fumantes parassem e refletissem se esse benefício efetivamente vale a pena", explica Cândido.
Ele complementa que não tenho a intenção de catequizar as pessoas. "Respeito a luta dos que buscam parar de fumar, pois sei o quanto é difícil, mas acho importante dizer que é muito possível".
Políticas públicas
Até 2011, o custo do SUS atribuído ao tabagismo foi de R$ 21 bilhões, enquanto a indústria do tabaco arrecadou R$ 6,3 bilhões em impostos federais. Ou seja, se gasta 3,5 vezes mais em tratamentos de saúde do que é arrecadado com a venda de cigarros e outros produtos do tabaco no País.
"Números como esse justificam a importância de investimentos em políticas públicas voltadas ao combate ao fumo. Esse trabalho vem sendo desenvolvido pelo Paraná há quase quatro décadas", comenta Caputo Neto.
O Programa Estadual Contra o Fumo da Secretaria de Estado de Saúde foi instituído oficialmente em 1979 e até hoje oferece serviços em busca da redução do cigarro no Estado. O cidadão que deseja parar de fumar pode buscar ajuda em Unidades Básicas de Saúde e receber tratamento gratuito pelo SUS, que inclui reuniões de grupo de apoio, consultas individuais e, quando necessário, medicamentos. Atualmente, 529 unidades de saúde oferecem o tratamento no Estado.
Livro
A Secretaria da Saúde programou o lançamento do livro "35 anos de história de luta contra o tabagismo no Paraná" para o próximo mês. A publicação, de autoria do pneumologista da Secretaria Jonatas Reichert resgata toda a história do combate à dependência no Estado.
"Quem fuma atualmente já conhece os malefícios dessa escolha. Há 40 anos havia uma ignorância por parte do consumidor, que só tinha acesso a publicidades que tratavam o cigarro como um produto de status", diz Reichert. O destaque do Paraná nesse movimento contra o fumo é apresentado na obra com documentos e registros que influenciaram o desenvolvimento nacional dessa luta.
O pneumologista conta que a ideia hoje é trabalhar com as novas gerações para que uma ensine a outra. Em 1989, 34,8% dos adultos nas capitais brasileiras eram fumantes. Esse número caiu para 11,3% em 2013. "Podemos atribuir essa redução à educação e às campanhas voltadas ao tema. Se as políticas públicas forem mantidas, ou até mesmo ampliadas, a tendência é que esse número reduza ainda mais", explica Reichert.