Um vírus achado em cavalos e vacas pode ser usado para combater e até eliminar células cancerígenas, afirma um estudo publicado na revista norte-americana Nature Medicine. A técnica modifica células do sistema linfático para combater o câncer. Os primeiros testes laboratoriais realizados com ratos foram bem-sucedidos.
Primeiro, os cientistas coletaram um tipo de célula do sistema imunológico conhecida como linfócito T. Depois, colocaram na célula uma pequena dose do vírus da estomatite vesicular (EV) em laboratório, e injetaram as células de volta em ratos com câncer. O tratamento eliminou os tumores e estimulou uma resposta do sistema imunológico contra o câncer.
O linfócito agiu como um verdadeiro "caçador do câncer" eliminando todas as células de tumor dos nodos linfáticos, fígado e baço. As células sadias ficaram ilesas ao processo. Ao mesmo tempo, o vírus também ajudou a acionar uma resposta imunológica contra o tumor, melhorando significativamente o combate à doença.
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Expectativas
O grupo espera que os resultados possam levar à produção de novos tratamentos para combater alguns dos tipos de câncer mais comuns – o de mama, o de intestino e o da próstata. A pesquisa também pode melhorar o desenvolvimento de futuras vacinas contra o câncer.
A técnica tem sido desenvolvida através da colaboração de cientistas do instituto Cancer Research UK's Clinical Centre, na cidade britânica de Leeds, e da Mayo Clinic, nos Estados Unidos. O professor Alan Melcher, de Leeds, disse: "Vírus que podem especificamente matar as células do tumor são uma promissora abordagem no tratamento do câncer, e alguns já estão sendo testados em pacientes".
"Neste estudo laboratorial, nós mostramos que o vírus da estomatite vesicular pode ser particularmente eficaz para eliminar as células tumorais que se partem do tumor primário e se espalham através dos canais linfáticos." "Presos nos linfócitos T, o vírus pode viajar através do sistema linfático, caçando e limpando os nodos linfáticos e potencialmente outros lugares das células cancerosas."
Para Lesley Walker, diretor de informação do Cancer Research UK, os resultados desses experimentos laboratoriais são "animadores". "O câncer se torna mais perigosos quando se espalha do seu lugar original, então há um grande potencial em tratamentos que focam nesse processo", disse.
"O próximo estágio será identificar que efeitos colaterais o tratamento pode oferecer e se ele funciona em humanos da mesma forma que funciona em ratos."