A descoberta do vírus zika em saliva e em outras secreções do corpo humano já era esperada. E isso não significa necessariamente que o vírus possa ser transmitido dessa forma. É o que apontam infectologistas ouvidos pelo Estado que vêm trabalhando com o zika. Eles reforçaram que não é caso de pânico. "Ainda é preciso demonstrar que existe transmissão por contato, o que os estudos não têm ainda", comenta o infectologista Esper Kallas, da USP.
Ele lembra que várias outras doenças virais, incluindo a infecção por HIV, podem ser detectadas na saliva; nem por isso são transmitidas pela secreção. De acordo com o médico, são necessárias outras condições. É preciso, por exemplo, que a quantidade de vírus presente nessas secreções seja grande o bastante e que ele sobreviva por um tempo fora do corpo, o que não é sabido se ocorre ainda.
Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas, afirma que se a transmissão do zika estivesse ocorrendo por contato, o número de pessoas contaminadas seria muito maior. A estimativa do Ministério da Saúde é que 1,5 milhão de pessoas podem ter se infectado, sendo 80% assintomáticas.
Leia mais:
Estudo mostra correlação entre perda de músculo e maior risco de demência
Novos planos de saúde poderão ser cancelados com duas mensalidades atrasadas
Saúde confirma morte de homem em decorrência da dengue em Cambé
Anvisa aprova registro do primeiro medicamento para distrofia muscular de Duchenne
"O vírus está circulando há meses entre nós e não tivemos um alto nível de infecção como aconteceu com o H1N1 (gripe). Se a transmissão ocorresse pela saliva, o número de casos seria extremamente alto. Não vemos, por exemplo, famílias inteiras contaminadas. Em uma casa, tem uma, duas pessoas no máximo", afirma.